A
falta de representatividade política que o país vive pode estar
afetando algumas decisões. O receio de que alguma medida aplicada
inspire protestos está evidente. A impressão que temos é que o
debate político se estendeu amplamente entre as pessoas comuns, o
que é extraordinário, mas perdeu a objetividade, o que apenas
contribui com a lenta e burocrática política conhecida. Avançamos
no que não precisa e atrasamos o imprescindível.
Sartori
parece governar sob esta lógica. Quando estendemos que o Estado deve
ser mínimo, que se deve revisar e enxugar gastos, ele vai além.
Extingue instituições de pesquisa, com faturamento em muitas delas.
O detrimento financeiro que se alega sanar é pífio comparado com o
prejuízo científico iminente. Apesar de que a premissa seja a
conjuntura financeira herdada da última gestão somada à crise
nacional, as medidas tomadas parecem uma resposta a cobranças de
atitudes que freiem a máquina pública. É claro que não se pode
defender um gestor que honrou compromissos salariais a base de
empréstimos e endividamentos, caso corriqueiro na constante troca de
siglas no comando do Rio Grande do Sul. Em São Paulo, todavia,
apesar das dívidas serem efetivamente maiores, o governo parece
entender que o enxugamento - ou até mesmo a privatização - é
melhor do que simplesmente se desfazer de uma fundação. É lá, por
exemplo, que deverá ser feito a maioria dos ensaios que hoje são
realizados pela CIENTEC, já que não há laboratórios no RS com
acreditação do INMETRO em grande parte dos ensaios realizados. O
populismo, somado a falta de planejamento, pode ser um tiro no pé.
Coragem
nem sempre é um atributo positivo, e Sartori teve entusiasmo para ir
em frente com tal projeto. Venderá terrenos e prédios. E quando
essa verba acabar? A economia instantânea desaparecerá e a dívida
pública continuará crescendo. Ações como esta deveriam ser mais
bem discutidas, para que não se desenhe um futuro duvidoso. É
possível ter apenas uma certeza: por conta desse populismo, o
parcelamento de salários será a maior herança para futuros
governos.
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