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Em algum lugar - IV


O dia amanhecera muito bom e Anthony queria deixá-lo mais agitado. Lembrou que, certa vez, um professor seu dizia que nem todos os problemas podem ser resolvidos. Ele estava cético quanto a isso, mas pensava em algo muito próximo. Todos os problemas do mundo, na verdade, não poderiam ser resolvidos ao mesmo tempo. Sempre haveria mais e mais problemas a serem resolvidos, desde aqueles que possuem solução conhecido quanto aqueles mais complexos.

Disso, ele formulou outra pergunta:

3) A vida é um complexo paradoxo sem solução?

Ele gostava de falar aos amigos que se sabemos apenas resolver pequenos problemas e, ainda assim, eles nunca acabam, isso tornaria a vida toda um paradoxo isolado. Ele conhecia alguns contrassensos sem solução, tais como os de Lucrécio, Avicena, Plutarco. Isso o levava a pensar que, se havia algo sem solução, logo, a própria existência seria um paradoxo.

Esse assunto costumava o deixar meio zonzo, mas era o desafio de chegar em alguma conclusão simples que o obstinava, ainda que tivesse que quebrar um pouco a cabeça.

O fato era que, de um modo geral, Anthony sabia que as pendências que não conhecemos, os cálculos que não fecham são enigmas que não poderiam eximir uma solução. Ela deveria morar em algum lugar. E, quem sabe, exista ao mesmo tempo que os próprios humanos.

"Se existe algo que não podemos resolver, então, nós somos incompletos de algo. Se todos os problemas possuem uma solução, logo, também possuímos um motivo de ser".

Ele foi dormir sem ter algo com que pudesse se agarrar e dizer: "disso eu tenho certeza". Na verdade, era disso que gostava. O chão em que dormia não era confortável, mas se o fosse, não estaria ali.



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Sobre Paulo Matheus

Esposo da Daniele, pai da Sophia, engenheiro, gremista e cristão. Seja bem vindo ao blog, comente e contribua!

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