Antes
dos apedrejamentos, ou como diria @o_moralista, quem nunca
apedrejou alguém, que atire a primeira pedra, faço alguma
observações preliminares:
-
Ressalto
que os piores livros que eu já li não necessariamente são os
piores livros que existem. Essa relação de livros que seguirão
não são, de nenhuma forma, um ataque ou um incentivo a
não-leitura, mas sim um conselho de quem, até pouco tempo, havia
lido mais livros ruins que bons.
-
Além
disso, antes de justificar o porquê de eles serem ruins, adianto
algo de extrema importância e que me incentivou a relacionar estes
livros: por que nos obrigam a ler livros nacionais na escola?
Confesso que a maioria deles são brasileiros e talvez não tivesse
os lido se não fossem incentivados na escola. Ai mora um problema e
que, por um esforço pessoal, acabei não me tornando um avesso a
leitura. Quem depende do apoio educacional brasileiro para se tornar
um leitor, esbarra nessa teimosia sem sentido. Isso não significa
que não existam livros estrangeiros ruins, inclusive há
representantes na lista.
Entre
as descrições e ao final, deixo algumas "menções
desonrosas", pois, como disse, até poucos anos atrás, eu havia
lido mais livros ruins que bons...
5º - Camilo Mortágua - Josué Guimarães
No
colégio é comum você, além de ter de ler autores brasileiros
clássicos, ler autores regionais clássicos. O Rio Grande do Sul, ao
meu ver, tem em Érico Veríssimo seu representante máximo como
escritor em prosa e ficção. Não li todo O Tempo e o Vento,
li apenas a primeira parte, O Continente, o qual
recomendo a leitura, sem ao mesmo tempo tecer enormes elogios.
Aqueles que procuraram seguir um caminho parecido, para mim, não
foram tão felizes. Confesso, com um ar superficial é claro, que não
me chamou a atenção dois livros de Luiz Antônio de Assis Brasil
- O Homem Amoroso, Anais da Província Boi -,
que não me fizeram ir adiante, mas vi uma luz no fim do túnel com
Josué Guimarães. Eu já havia lido o livro de contos "O cavalo
cego", de 1979, incentivado por um trabalho do colégio sobre
escritores gaúchos (destaco o conto A Travessia). Sem
muitas opções no início dos anos 2000, recebi para ler Camilo
Mortágua, do mesmo autor. Este livro, de umas 500 páginas, me
fez ter certeza de que eu, definitivamente, não gostava de novelas
(tanto escritas quanto televisionadas). Dramalhões, apelações,
decadência moral e nenhuma mensagem positiva. O personagem que dá o
nome ao livro é um cão arrependido, tal como o do Chaves, que
relembra dos tempos da juventude, tal como o Pica-Pau. Ele visita um
cinema antigo em 1964, que provavelmente hoje deva ser um templo da
Universal, para ver o filme de sua vida em diversas partes, como se
estivesse com algum tipo de esquizofrenia. Há uma crítica implícita
a ditadura, que dá a entender que a liberdade de se expressar
estaria impedindo que os artistas fossem contra o regime - como se
isso fosse o único assunto interessante para ler. Apesar de retratar
um fim de carreira de um aristocrata, o fato mais presente no livro é
a falta de qualquer senso de boa fé possível. Não há mocinhos, já
que não há nenhuma lição de moral. Enfim, o autor deste livro dá
nome a biblioteca municipal de Porto Alegre e o livro já foi uma
leitura obrigatória no vestibular da universidade federal. Como
dizem, há gosto para tudo.
4º - Inverno do Mundo - Ken Follet
Esse
resumo lhe poupará 900 páginas de perda de tempo!
Quando
iniciei a trilogia O Século, lendo o livro Queda de
Gigantes, de Ken Follet, fiquei empolgado. A impressão que tive
foi a mesma de um outro livro que li antes (Um lugar chamado
liberdade) do mesmo autor, que mantinha o ponto de vista a partir
de um injustiçado social. Apesar desse mesmo espírito e cenário
(minas de carvão em Gales) estar presente em Queda de
Gigantes - que trata especificamente da primeira guerra
mundial -, o final nos deixa um entendimento de que o comunismo
iniciado a partir da revolução russa, que recebeu um patrocínio
financeiro dos socialistas europeus (para desespero de Dostoiévski,
caso estivesse vivo na época), fora um erro fatal e que as
monstruosidades estavam apenas começando. Maravilha!
Entretanto,
quando você começa a ler a continuação, Inverno do Mundo,
algo estranho acontece: os socialistas europeus já não eram mais os
culpados. Na verdade, os comunistas tornaram a revolução legítima
em uma "ditadura de direita", segundo palavras do próprio
autor. Ou seja, quando o sistema passou a falhar vergonhosamente, o
espectro político mudou instantaneamente. Essa paranoia literária
influencia na própria história, que torna a ascensão de Hitler
algo extra-terreno, como se ele surgisse não pela incompetência dos
sociais-democratas no governo alemão, mas literalmente do nada,
assim como o Big Bang de Hawking. E aquele personagem padrão, o
injustiçado social mas que desta vez não trabalhou em minas de
carvão, está exageradamente superiorizado em suas habilidades. Ele
é um gênio em tudo, talvez apenas poupando a vida de Hitler para
dar uma graça a mais na história. Isso para não explanar aqui os
alvos e os salvos (cristãos são sempre vilões e gays, feministas e
socialistas, os mocinhos). Se fosse escrito em 2018, sem dúvida,
algum ascendente de Trump teria sido membro ativo do alto escalão do
nazismo.
Essa
paixão política que influencia na história me deixou extremamente
frustrado. Eu poderia dizer, antes de ter lido Inverno do Mundo, que
Ken Follet (membro do partido trabalhista inglês) era um escritor de
esquerda razoável, que entendia os erros do passado e que, com
diálogo, poderiam sim os conservadores e trabalhistas formarem uma
coalizão não apenas em momentos de guerra, mas para governar sempre
juntos. Se vocês entendem que assim seria uma boa, leiam
apenas Queda de Gigantes. Isso nos ensina que: nem todas
as histórias precisam de continuação.
Vamos
combinar que existem diversos livros ruins de teologia (ou que se
dizem teológicos). Posso citar aqui alguns que li e que prestam um
desserviço quando você precisa saber sobre algo: E os
crentes?, de Evaldo Luis Pauly - um livro que deprecia os
pentecostais do ponto de vista luterano; Calvinismo, de
Paulo Anglada - um festival de Ctrl C + Ctrl V de diversas confissões
com o simples objetivo de refutar o Arminianismo, que inclusive é
mais citado que o próprio título do livro. Entretanto, alguns
livros não são apenas ruins. Apesar de colocar na 3ª colocação Bem
Vindo, Espírito Santo, poderia também ser outro de alguma
denominação sectarista tradicional (já li alguns), ou de algum
neopentecostal egocêntrico. Benny Hinn não fica atrás e talvez
esteja aqui pois, após ler o livro, ainda tive a oportunidade de ir
a uma cruzada que ocorreu em Porto Alegre 2009 (recomendo ler Mateus
7 depois dessa última frase).
Do
que trata o livro? Basicamente das experiências espirituais de Benny
Hinn ao longo da vida. Boa parte delas extravagantes. Algumas
resenhas observam que ele usou corretamente algumas passagens
bíblicas específicas, mas aqui mora um exemplo do que, depois de um
tempo, passei a analisar antes de sair defendendo alguém: a
contradição. Se eu escrever aqui que o livro é péssimo, como se
isso fosse uma verdade inquestionável (o que na verdade não é) mas
o livro for bom, de fato, estarei sendo incoerente. Mas o fato é que
este livro trata de um assunto, que posso ter certeza que deve ter
ajudado muitas pessoas, mas seu escritor é um outro sujeito, cuja as
ações levam para o campo do espetáculo, tudo o que ele disse. Umas
das coisas que demoramos para ter certeza de que é uma verdade
absoluta é o que conta em Romanos 3.10: "Não há um justo,
nenhum sequer". Quando entendemos que isso faz sentido, não nos
autodenominamos orientados por ninguém que não seja Cristo. Não
sou agostiniano, franciscano, calvinista, arminiano ou luterano. Logo, faz mais
sentido usarmos Tessalonicenses 5.21: "Mas ponham à prova todas
as cosas e fiquem com o que é bom". Não que eu precise ler ou
experimentar certos autores e práticas, mas creio que há algo de
bom naquele ditado: textos fora do contexto só servem de pretexto.
2º - Senhora - José de Alencar
Pode
parecer que eu "detesto literatura brasileira". Mas não
poderão dizer que eu nunca me esforcei para gostar. José de Alencar
é um deles. Antes de ler Senhora, achei interessante o romance
Iracema, um representante mais fiel do romantismo nacional. O
interessante, para mim, seria algo como "digno de leitura",
ainda que, de longe, não seja o estilo que eu goste (do mesmo
período, mas não do mesmo estilo, eu poderia destacar um livro
muito melhor, chamado "Memórias de um Sargento de Milícias",
que recomendo a leitura). Mas Senhora é deprimente.
Um livro que poderia ser chamar "chatice" para mim. Você
luta para chegar ao fim e ele só não é o pior de todos que li pois
há uma sensação de liberdade e alívio quando se acaba de ler.
Simplesmente isso.
A
história? O romantismo não é meu estilo literário favorito. Esta
obra é maçante e, ainda que pudesse dispensar por conta de ser uma
novela, eu tendo a dispensar pela forma irritante que o autor
descreve os ambientes. Possivelmente, os fatos do livro poderiam ser
compilados em dez páginas, e as descrições exageradas da mobília
nas outras 150 páginas. Talvez isso seja uma implicância de
engenheiro, já que em Os Sertões não vi nada mal
na primeira parte. Mas vai saber?
1º - Macário - Álvares de Azevedo
E
o nosso primeiro lugar se chama Macário, obra de Álvares
de Azevedo. O enredo mostra um personagem, Macário, que conversa com
o diabo. É um retrato da vida do autor, que vivia em orgias,
bebedeiras e sem um pingo de qualquer coisa que se pudesse
aproveitar. A leitura nas escolas deste tipo de livro sempre me
deixou intrigado: seria por pena de um autor depressivo ou realmente
acham que é uma boa leitura? Se os outros livros eu indico a
experiência de ler para confrontar o que eu disse, este eu recomendo
fortemente escapar; ainda que seja uma leitura rápida, é
decepcionante.
Menções
desonrosas de livros que li: O Código Da Vinci e Anjos
e Demônios, O Xangô de Baker Street, Menino
de Engenho.
Alguém
discorda de algum? Deixe seu comentário!
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