ad

Resenha ~ Cartas a uma senhora americana, C. S. Lewis

Um livro bastante simples; por se tratar, como o próprio título diz, ou seja, de cartas a uma senhora americana, deveria carregar apenas assuntos informais, e talvez isso não seja lá tão interessante, a não ser que sejam de C. S. Lewis e - por incrível que pareça - sua escrita não muda muito do que estamos acostumados a ler.

Ainda que vejamos as cartas de Lewis apenas e nunca a resposta da senhora americana, podemos perceber, durante o período das correspondências, diversos momentos da vida do autor: as mudanças de Oxford e Cambridge, os motivos de sua recusa para se tornar um "sir" (que seria indicado pelo próprio Churchill), seu relacionamento com Joy (que inclusive manda uma carta para esta senhora quando Lewis está doente), sua crítica ao consumismo no período do natal, etc.

O que não me faz dar uma nota 5 para livro talvez seja mais culpa desta senhora do que dele! Ela normalmente exige dele reflexões sobre problemas triviais, como doenças e como elas são tratadas nos Estados Unidos em relação ao Reino Unido, com relação a sua "suposta fama" (ele diz que nunca havia visto alguém lendo as Crônicas de Nárnia no trem que tomava), além de um papo sobre cães e gatos. Sobre esse último tópico, eu selecionei três frases bem humoradas:
"Estávamos falando de gatos e cachorros outro dia e resolvemos que ambos têm consciência, mas o cachorro, por ser humilde e sincero, sempre tem a consciência pesada, e o gato, por ser um fariseu, tem sempre a consciência leve."
"Concordo que é estranho o fato de alguém não gostar de gatos. Mas os próprios gatos são o pior exemplo nesse sentido. Raramente gostam um dos outros."
"Confesso que nosso velho gato alaranjado (...) não dá a mínima para mim, apenas para os outros. Ele acha que não estou à altura dele na escala social, e deixa isso muito claro. Nenhuma criatura nos desdenha de forma tão perturbadora quanto um gato!"
(Confesso que só selecionei por compartilhar da mesma opinião!)

Além de outra que me chamou a atenção:
 "Outra coisa que me irrita é quando as pessoas dizem 'por que você deu dinheiro para aquele homem? É bem provável que ele vá gastar tudo em bebida'. Minha resposta é 'mas se eu guardasse [o dinheiro], talvez eu o gastasse bebendo."
Bem, esse é o tom do livro. Há assuntos mais fortes e talvez mais edificantes, mas estão dispersos em meios as cartas. São 13 anos, aliás, apenas de cartas, sem que os dois tenham se conhecido. Um registro importante e válido para quem gosta do autor de Cristianismo Puro e Simples.

Paulo Matheus

Share on Google Plus

Sobre Paulo Matheus

Esposo da Daniele, pai da Sophia, engenheiro, gremista e cristão. Seja bem vindo ao blog, comente e contribua!

0 Comentário: