Tópicos
para a execução de pisos industriais de alta resistência de
concreto
Outubro/2016.
Paulo
Matheus Souza de Souza
Engenheiro
Civil, Fundação de Ciência e Tecnologia – CIENTEC, Porto Alegre,
Brasil, matheuspaulo@outlook.com
Jéssica
Bednarek Gonçalves
Engenheira
Civil, jessicabednarekg@gmail.com
Kevin
Caselani Siqueira
Engenheiro
Civil, Fundação de Ciência e Tecnologia – CIENTEC, Porto Alegre,
Brasil, kevincaselani@hotmail.com
Fellippe
Reinert
Engenheiro
Civil, PAVEI Construções, Porto Alegre, Brasil,
fellippe_paulista@hotmail.com
RESUMO:
Este artigo irá
abordar o tema ‘Tópicos Para a Execução de Pisos Industriais de
Alta Resistência de Concreto’. Apresentará uma pesquisa breve
sobre o uso corrente da técnica de execução, descrição dos
materiais, características dos ambientes mais solicitadas e também
dificuldade quanto aos processos utilizados. Por fim, detalhará os
métodos de execução e controle da qualidade.
PALAVRAS-CHAVE:
Concreto, Pisos industriais, Alta resistência, Aditivos.
1 INTRODUÇÃO
É
sabido que a qualidade de um piso industrial de concreto é
essencialmente dependente da obtenção de uma superfície de elevada
dureza e durabilidade, plana e relativamente livre de fissuras, que
esteja em conformidade com um nível de referência, e que possua uma
textura superficial adequada à futura utilização do piso. As
propriedades da superfície são determinadas pela dosagem dos
materiais, pela qualidade da concretagem e execução das juntas,
(RODRIGUES,
2010, apud ACI,
1996).
Os
pisos industriais de concreto devem atender a diversas exigências
não só à resistência mecânica, mas também em durabilidade,
permeabilidade e diversas funções, dependendo do tipo de indústria
a ser pavimentada. Diferente de pavimentos de concreto em estradas e
rodovias, os pisos industriais terão de suportar cargas fixas, com
maquinário normalmente pesado, além disso, deverá ter uma variação
térmica menor, caso a indústria faça esse controle no ambiente.
Este
trabalho também buscará apresentar também novidades na área, como
a utilização de fibras e de aditivos que auxiliem na resistência
superficial, bem como novas tecnologias relacionadas a piso de
concreto.
2 REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
2.1
PISOS
INDUSTRIAIS DE CONCRETO
Os
pisos de concreto constituem um elemento de extrema importância no
ambiente industrial. Espera-se que sua superfície ofereça uma
grande resistência e um acabamento ideal, bem como sua base e
constituição seja bastante resistente e durável.
Segundo
a Viecili (2004), os pisos industriais são definidos como elemento
estrutural com a finalidade de resistir e distribuir os esforços
verticais provenientes do carregamento do subleito. É considerado
como elemento de grande importância para a logística de operação
das empresas, visto que é sobre ele que as atividades produtivas se
realizam, proporcionando movimentações de carga e equipamentos,
além de resistir aos esforços mecânicos, químicos e biológicos.
Os modelos
de pavimentos de concreto em indústrias, no que conhecemos hoje,
foram trazidos para o Brasil nos anos 90, seguido o modelo europeu.
Mesmo assim, o mercado nacional é um dos melhores do mundo, tendo
bastante destaque para o dimensionamento nos projetos. O
desenvolvimento do setor está ligado diretamente a situação
econômica do país, sendo que o aparecimento de grandes indústrias
no fim do século passado contribuiu em muito para o aparecimento de
novas técnicas no mercado.
Os
pisos industriais são geralmente compostos por cinco camadas
principais sobrepostas com funções específicas. Cada uma dessas
camadas, ou layers, como são conhecidos por alguns profissionais da
área, tem função específica dentro do sistema construtivo. Os
cuidados de projeto e execução de cada uma delas são de extrema
importância para a eficiência e qualidade dos pisos industriais.
Figura
1 –
Principais componentes do sistema construtivo de pisos industriais.
Em alguns casos específicos,
se faz necessária a inserção de mais camadas para combater
problemas, como por exemplo, de drenagem superficial e camada de
bloqueio. O projetista deve avaliar os dados relativos à análise do
solo, solicitações de cargas previstas e utilização do piso para
poder definir e propor com muito cuidado, os sistemas mais indicados
em cada situação.
As
juntas também são componentes fundamentais na maioria dos casos de
pavimentação industrial, combatendo as variações higro-térmicas
do concreto, induzindo fissurações localizadas e auxiliando no
processo executivo de concretagem (Gaspareto e Rodrigues, 2010).
Atualmente, notamos que os pisos industriais tem juntas de dilatação
mais espaçadas. As placas de concreto, que são normalmente
empregadas em pavimentos rodoviários (principalmente em corredores
de ônibus em Porto Alegre, a exemplo da 3ª Perimetral, por
exemplo), não são bem concebidos em pisos industriais. A
resistência destes pavimentos podem atingir 35 MPa, sendo que o
agregado é o principal influente na resistência a abrasão, e os
concretos comuns utilizados em industrias, com resistência superior,
a argamassa desempenha este papel.
2.2.
SOLO
E SUB-BASE
2.2.1
SOLO
Os
solos podem ter definições distintas em função da ciência que os
classificam, uma vez que sua inteiração com o ser humano é ampla,
presente em nossas vidas de maneiras distintas, como nosso próprio
suporte, como fonte de alimentação, em que os alimentos são
cultivados, como material de construção, tanto de habitações como
rodovias etc.
Conhecer
a origem do solo que será a fundação do piso industrial é
essencial, pois muitos comportamentos poderão ser previstos antes
mesmo da execução de ensaios físicos ou químicos do material. Por
exemplo, um solo residual do cinturão orogênico do Atlântico pode
ser muitas vezes micáceo, dependendo do grau de intemperismo sofrido
e, portanto, expansivo; em contrapartida, apresentam bom suporte,
exceto os maduros, necessário para cargas elevadas presentes em
pisos industriais. As areias finas argilosas da bacia do Paraná
costumam ser excelentes materiais para pavimentação, mas costumam
ser porosas, o que causa problemas quando o piso é submetido a
cargas distribuídas elevadas.
O
subleito é a interface do terreno de fundação e o sistema piso,
sendo a primeira camada do solo a receber os esforços gerados pelos
carregamentos atuantes no pavimento.
Os
solos formados pelo intemperismo tropical, em que predominam altas
temperaturas e índices pluviométricos elevados, apresentam
características diferentes dos não tropicais submetidos a processos
semelhantes de formação.
Essas
características permitem que os solos tropicais apresentem
comportamentos estruturais que, muitas vezes, não são diferenciados
pelos ensaios tradicionais da mecânica dos solos.
Tabela
1 – Dados relevantes quanto aos solos conforme o DNIT.
Diferentemente
dos pavimentos rodoviários, onde apenas uma pequena camada do solo,
situada a até 1,5 m de profundidade, percebe efetivamente a ação
do carregamento móvel, nos pisos industriais, há carregamentos
estáticos, que acabam solicitando as camadas mais profundas do
horizonte.
A
interação da placa de concreto com a fundação - o solo - é um
dos capítulos mais importantes do projeto dos pavimentos
industriais, mas ainda pouco estudado, e a engenharia nacional é
rica em exemplos negativos sobre a interpretação do comportamento
dos solos por parte de alguns técnicos do setor.
O
solo é composto por um sistema com três fases: ar, sólidos e água;
quanto mais próximas estiverem as partículas sólidas, mais
resistente e estável estará o solo. A compactação
é a operação que resulta na aproximação das partículas sólidas,
com o consequente aumento de sua massa específica.
2.2.2
SUB-BASE
As
sub-bases são os elementos intermediários entre a placa de concreto
e o subleito e apresentam diversas funções, algumas conhecidas,
outras pouco exploradas. Como definição clássica, as sub-bases
apresentam as seguintes funções:
•
Homogeneizar
as condições de apoio: o solo é um material heterogêneo e, por
isso, pode apresentar características mecânicas variadas na
superfície do subleito e a sub-base tem como função - talvez a
mais importante - uniformizar o suporte de modo que se tenha
coeficiente de recalque do sistema praticamente constante ou o mais
constante possível.
•
Eliminar
o bombeamento: quando o solo apresenta finos plásticos e encontra-se
saturado, com os movimentos verticais na junta da placa, acaba
liqüefazendo e sendo expelido, juntamente à água, pela ação de
cargas móveis sobre o piso.
•
Controlar
solos expansivos: por ação física do peso, reduz ou impede a
movimentação de solos expansivos.
•
Impedir
a umidade ascendente: sub-bases granulares, com granulometria
adequada, funcionam como camada de bloqueio da umidade ascendente,
que ocorre por movimentos da água nos capilares do solo.
•
Drenagem:
em áreas abertas, a sub-base pode funcionar como camada drenante,
que impede que o acúmulo de água sob o pavimento venha causar danos
ao subleito.
Podem-se
definir três tipos básicos de sub-bases:
•
Solo
tratado: ou solo melhorado, são as sub-bases em que se emprega o
próprio solo local, com algum reforço ou adição, de modo que
aumente a rigidez e a capacidade de suporte do material.
•
Granulares:
geralmente obtidas com material produzido industrialmente - britas -
ou naturais, como seixos e cascalhos lateríticos.
•
Cimentadas:
são aquelas que podem ser produzidas com o próprio solo local -
solo cimento - ou com material britado, como as de concreto
compactado com rolo ou as de brita graduada tratada com cimento.
2.3
CONCRETO
O
concreto para pisos é obtido pela dosagem adequada dos materiais
disponíveis na região, sendo produzido de maneira homogênea um
material que pode ser adequadamente lançado, adensado e acabado com
os equipamentos usualmente empregados na confecção - réguas
vibratórias, vibradores de imersão, rodo de corte, acabadoras
mecânicas etc. - e que incorpore, após o endurecimento,
propriedades como resistência mecânica - tração na flexão e
compressão - resistência à abrasão e estabilidade dimensional.
O
concreto é um material que apresenta variações expressivas de suas
propriedades ao longo do tempo. No início, após a mistura de seus
componentes, apresenta-se com comportamento de fluído viscoso, que
permanece assim por determinado período, que depende da cinética
química do cimento, da temperatura ambiente, de seus aditivos etc
(METHA & MONTEIRO, 2008).
Define-se
por trabalhabilidade
o conjunto de propriedades do concreto fresco, as quais permitem que
ele seja misturado, transportado, lançado, adensado e acabado de
modo apropriado para cumprir as exigências de material de engenharia
quando em serviço.
Exsudação
é o fluxo de água no concreto recém-lançado causado pelo
assentamento de partículas mais pesadas (PCA, 2002); ocorre no
estado plástico e cessa quando a estrutura começa a enrijecer. Como
se pode perceber, misturas muito fluidas e sem coesão tendem a
exsudar mais.
A
retração
plástica
ocorre muito precocemente, quando a taxa de exsudação é inferior à
evaporação da água do concreto, o que promove uma dissecação na
camada superior do pavimento, cuja profundidade vai depender das
condições atmosféricas e das características do concreto, como
relação água/cimento, teor de cimento e principalmente das
condições de evaporação. Em ambientes com baixa umidade relativa
do ar e incidência de ventos, as misturas ricas em cimento estão
mais sujeitas à retração plástica, acompanhada das tradicionais
fissuras curtas, que surgem em grupos paralelos entre si.
A
resistência
à compressão
do concreto obedece à Lei de Abrams, uma centenária regra de
dosagem do concreto: a resistência à compressão varia inversamente
à relação água/cimento.
Figura
2 – Resistência a compressão x água/cimento.
A
resistência
à tração na flexão
também segue a lei de Abrams, mas essa propriedade também é
afetada por outros fatores, principalmente as características dos
agregados.
A
resistência
à abrasão
é uma importante propriedade para os concretos submetidos ao
desgaste superficial causado pelo tráfego de veículos ou mesmo pelo
caminhar de pessoas.
O
concreto é um material de comportamento inelástico não-linear,
tanto na tração como na compressão e, portanto, o termo módulo
de elasticidade
deve ser utilizado com cautela, pois não representa um valor único
como nos materiais lineares elásticos (RODRIGUES, 2010).
2.4
TIPOS
DE PISO
2.4.1
PISOS
DE CONCRETO SIMPLES
Neste
tipo de piso, todos os esforços de tração gerados pela retração,
variação térmica e pelo carregamento, são resistidos pelo
concreto. Não há presença de armadura estrutural ou de combate à
retração podendo-se, entretanto, empregar dispositivos de
transferência de cargas tais como barras de transferência ou barras
de ligação.
O
dimensionamento da espessura do piso está intima e diretamente
ligado às tensões de tração na flexão produzidas pelas cargas
solicitantes. O dimensionamento do piso pode ser efetuado na condição
de não fissurado, ou seja, limitando-se a tensão de tração na
fibra inferior da placa de concreto a certo valor, chamado
admissível, correspondente a resistência à tração na flexão
dividida por um coeficiente de segurança, (Boyd & Anderson,
1995).
Figura
3 – Pavimento de concreto simples sem e com barra de transferência.
Figura
4 – Execução de piso de concreto simples.
2.4.2
PISOS DE CONCRETO COM ARMADURA DE RETRAÇÃO
Com
as características similares aos pisos de concreto simples, possuem
apenas uma baixa taxa de armadura empregada para o controle de
fissuração por retração do concreto.
Geralmente
utilizado telas eletro soldadas em aço CA 60 ou fibras de aço em
baixos teores, tem como função o combate às fissuras de retração.
A tela geralmente é empregada em taxas menores que 0,05% e em fibras
com consumo de 10 a 20 kg/m3.
2.4.3
PISOS DE CONCRETO COM FIBRAS DE AÇO
O
uso de fibras de aço no concreto possibilita o incremento da
tenacidade do concreto, representada pela energia necessária para
conduzir a peça ao colapso, permitindo ao concreto maiores
deformações antes da ruptura.
Os
pisos de concreto reforçados com fibras de aço apresentam
capacidade de carga muito superior que as peças de concreto simples,
além de mudarem o comportamento do concreto de frágil para dúctil,
permitindo carregamentos crescentes mesmo após início do processo
de fissuração.
2.4.4
PISOS DE CONCRETO ESTRUTURALMENTE ARMADO
Tira-se
o proveito da boa resistência à compressão do concreto aliada à
resistência à tração do aço, resultando em placas menos
espessas. No cálculo, as tensões de tração são resistidas apenas
pelo aço, desconsiderando a resistência do concreto.
Baseado
nessas considerações pode-se determinar uma única armadura para
todo o piso, o que conduz a um dimensionamento mais econômico. Nas
áreas sujeitas à carga cruzando ou tangenciando bordas livres é
bastante fácil a colocação de reforços localizados, na armadura
estrutural, não havendo necessidade de construção de placas com
espessura variável, fato que facilita e agiliza a preparação da
base.
Figura
5 – Esquema do pavimento estruturamente armado.
2.4.5
PISOS DE CONCRETO PROTENDIDO
Utilizado
desde meados da década de 40 na Europa e nos Estados Unidos, o piso
protendido resumidamente consiste em um piso reforçado com
cordoalhas de aço. Tracionadas por macacos hidráulicos, as
cordoalhas engraxadas, transmitem a compressão para a placa de piso
através das ancoragens posicionadas nas extremidades.
No
cálculo da força de protensão deverão ser consideradas as perdas
de carga com o tempo, por retração e fluência do concreto e
relaxação do aço, além do atrito do cabo com a bainha e o recuo
do cabo durante a cravação da cunha. A perda imediata por
encurtamento do concreto em virtude da aplicação da força de
protensão é normalmente, para as taxas usuais de armadura ativa,
menos significativa que as outras perdas.
Figura
6 – Protensões prontas para receber o concreto em um pavimento
industrial.
3
EXECUÇÃO
A
execução do piso industrial pode ser separada em duas etapas: a
primeira, refere-se ao preparo da fundação, com as operações de
compactação do subleito, aplicação de eventual camada de reforço
e da sub-base. A segunda refere-se à execução da placa de
concreto, com as tradicionais tarefas de colocação de formas,
lançamento, acabamento, cura e serragem de juntas.
3.5.1
FUNDAÇÃO
A
capacidade de o pavimento resistir aos esforços previstos vai
depender da integridade do sistema subleito - sub-base. A fundação
do pavimento é constituída normalmente pelo preparo do subleito e
da sub-base. O preparo do subleito é basicamente a compactação,
sendo recomendável que ela esteja a 98% da energia do proctor
normal.
Cada
solo tem a sua curva de compactação, que define a umidade ótima e
a densidade aparente seca máxima, que varia em função da
granulometria, teor de silte e argila e outras características do
solo. Para um mesmo local, o solo pode variar bastante com a
profundidade escavada, mudando de maneira acentuada a curva de
compactação, que passa, por exemplo, de argilas residuais maduras a
siltes.
Embora
o projeto seja quem vá definir a capacidade mínima do solo, deve-se
procurar
trabalhar com valores de índices de suporte Califórnia (CBR)
superiores a 6%
e
expansão menor que 2%. Em caso de valores mais baixos, é sempre
conveniente a adoção de camada de reforço, com material de CBR
superior a 20%
A
tolerância executiva da sub-base vai interferir diretamente na
espessura da placa de concreto, a qual, se ficar acima do
especificado, será penalizada pela redução de espessura;
entretanto, se ocorrer o contrário, o custo da obra será maior que
o previsto.
A
prática de colocação de uma camada final de areia sobre a
sub-base, a título de regularização e acerto de cotas, é
condenável, pois areias costumam ter granulometria descontínua e
consequentemente baixa capacidade de suporte. Como alternativa, essa
camada pode ser executada com areia artificial, com pelo menos 10% a
30% de material passando pela peneira 0,15 mm, com granulometria
contínua (entre as peneiras 4,8 mm e 0,075 mm), ou mistura de
pedrisco, areia e pó-de-pedra, com as mesmas características
citadas, adequadamente compactadas.
Sobre
a sub-base, é aplicado um filme plástico, com o objetivo de reduzir
o coeficiente de atrito com a placa de concreto, situação
particularmente importante quando se trabalha com placas de grandes
dimensões.
Esse
filme plástico pode atuar também como uma barreira de vapor, para
impedir a ascensão da umidade por meio da capilaridade no concreto.
Entretanto, materiais mais simples, como o plástico preto
normalmente empregado, com espessura mínima de 0,15 mm, costumam
deteriorar-se rapidamente em contato com a alcalinidade do concreto,
e quando há de fato a necessidade do controle de umidade, é
recomendável o emprego de materiais mais resistentes, como as mantas
de PVC ou outros polímeros com boa resistência química.
3.5.2
CONCRETAGEM DO PISO
As
patologias comuns hoje observadas sinalizam que a concretagem deve
ser objeto de intenso controle executivo, precedido de treinamento
dos operários que vão executá-la. É recomendável que seja feito
preliminarmente um pequeno trecho experimental, que poderá ser
utilizado também como padrão de qualidade.
O
concreto é afetado de modo negativo quando executado em tempo
quente, com efeitos que podem ser minimizados, mas nunca
completamente controlados; a temperatura ideal de lançamento do
concreto está entre 10°C e 15°C, raramente presente em países
tropicais. Acima dessa temperatura, pode-se considerar que haverá
perda nas propriedades mecânicas - embora a resistência inicial
seja maior - incluindo a resistência química e à abrasâo; a
retração será maior.
Exceto
em regiões muito afastadas dos centros produtores de concreto, os
pisos são executados com o emprego do concreto usinado, ou
pré-misturado, cujo uso está bastante disseminado, principalmente
quando se trata de obras industriais.
Nessas
obras, o volume de concreto empregado no piso é da mesma ordem de
grandeza do empregado na estrutura; a título ilustrativo, no caso
das industrializadas de concreto armado, a espessura média (volume
de concreto da estrutura dividido pela área da obra) gira entre 10
cm e 12 cm, incluindo a cobertura. Portanto, em grande parte das
vezes, a quantidade de concreto do piso suplanta a da estrutura.
As
fôrmas são empregadas na execução das juntas de construção e
desempenham importante papel na qualidade dos pisos, quer seja na
qualidade da junta formada, como no nivelamento (FL) superficial,
como será apresentado mais adiante. Como as formas geralmente não
estão sujeitas a esforços elevados, são bastante simples de ser
executadas, e os perfis de aço laminados têm cumprido
satisfatoriamente as necessidades executivas; perfis dobrados, também
empregados, como formas, apresentam bordas arredondadas, o que não
favorece o acabamento.
O
transporte do concreto efetuado por caminhões betoneira deve ter seu
tempo de percurso controlado e compatível às características do
concreto e às condições climáticas, para não reduzir seu período
de trabalho nas operações de acabamento.
O
lançamento do concreto deve ser feito em faixas onde um longo pano é
concretado e, posteriormente, as placas são cortadas, formando as
juntas serradas, que podem ser apenas transversais ou também
longitudinais, quando se emprega equipamento do tipo Laser Screed,
Figura 9.6, ou réguas vibratórias de dimensões elevadas, o que
permite a concretagem simultânea de grandes áreas. Concretagens em
xadrez, onde as placas são alternadamente concretadas de forma
isolada, não devem ser permitidas.
O
lançamento do concreto deve ser feito em faixas onde um longo pano é
concretado e, posteriormente, as placas são cortadas, formando as
juntas serradas, que podem ser apenas transversais ou também
longitudinais, quando se emprega equipamento do tipo Laser Screed, ou
réguas vibratórias de dimensões elevadas, o que permite a
concretagem simultânea de grandes áreas. Concretagens em xadrez,
onde as placas são alternadamente concretadas de forma isolada, não
devem ser permitidas.
Figura
7 – Lançamento do concreto com equipamento
do tipo Laser Screed.
As
grandes áreas dos pisos aliadas às suas baixas espessuras sugerem
que o adensamento do concreto deva ser feito com o emprego de réguas
vibratórias. Essa operação é facilitada pela própria natureza do
piso, que é desprovida de elementos complicadores, como taxas
elevadas de armação ou locais pouco acessíveis. Como conseqüência,
há raros exemplos de falhas em virtude do adensamento, que passa a
ser mais importante como elemento preliminar aos trabalhos de
acabamento.
Sem
sombra de dúvida, a superfície do piso é onde se analisa, muitas
vezes de forma subjetiva e imediata, a qualidade da obra, uma vez que
o aspecto final será sempre visível para os usuários, sendo a
principal fonte de medida do seu desempenho, pois é ela que estará
em contato com todas as ações solicitantes.
O
desempeno mecânico do concreto [floating), é executado com a
finalidade de embeber as partículas dos agregados na pasta de
cimento, remover protuberâncias e vales e promover o adensamento
superficial do concreto.
Figura
8 – Equipamento utilizado para o acabamento superficial.
O
alisamento superficial ou desempeno fino (troweling) é executado
após o desempeno, para produzir uma superfície densa, lisa e dura.
Normalmente, são necessárias duas ou mais operações para garantir
o resultado final, que darão tempo para que o concreto possa
gradativamente enrijecer.
Para
o tratamento superficial, são encontrados comercialmente em
formulações distintas, os endurecedores superficiais geram um
grande campo de aplicações e soluções na especificação do piso
de concreto. Podendo ser encontrado na forma líquida (silicatos) ou
sólida (agregados minerais ou metálicos), podem ser aplicados
durante a execução (aspersão de sólidos) ou no concreto já
endurecido (líquida) obedecendo às recomendações de cada
fabricante.
Corte
nas juntas: Convencionalmente,
no Brasil emprega-se o sistema de corte úmido, que permite o corte
em profundidades elevadas, até 30 cm, mais do que é normalmente
requerido em projeto, que é de um terço da espessura da placa para
o concreto reforçado com fibras de aço.
Execução
de protensão: Para
posicionamento dos cabos, recomenda-se que sejam seguidas as
recomendações constantes na publicação Manual para a Boa Execução
de Estruturas Protendidas Usando Cordoalhas Engraxadas e
Plastificadas (Cauduro, s/d), onde estão disponíveis informações
bastante úteis, como armaduras mínimas de fretagem, desvios
angulares dos cabos, procedimentos para aberturas etc.
3.5.3
ENSAIO DE TENACIDADE
O
ensaio de tenacidade (JSCE, 1984; ASTM, 2006) é executado em corpos
de prova prismáticos, com seção quadrada de lado o e comprimento
entre apoios igual a 3a. O carregamento é feito por meio de dois
pontos de carga, distantes entre si de o, de modo que reproduz um
diagrama de momentos fletores constante no terço médio do corpo de
prova.
Figura
9 – Ensaio de tenacidade.
O
ensaio, ainda pouco conhecido no Brasil, é conduzido de acordo com a
norma japonesa SF4 (JSCE, 1984), pioneira nesse tipo de medição, ou
pela norma americana ASTM 1609 (ASTM, 2C06). Ambas são teoricamente
equivalentes e consistem na execução do carregamento controlado com
medição da deflexão no centro da barra prismática, para que se
obtenha a curva.
Figura
10 – Gráfico da deformação no ensaio de tenacidade.
4
CONCLUSÃO
A
complexidade que envolve a execução de pisos industriais de alta
resistência de concreto merece uma atenção tal qual uma construção
convencional. Envolve não apenas o ato da concretagem, mas antes de
um preparo adequado do solo e posteriormente, de um controle
tecnológico mais precisamente avaliado através do ensaio de
tenacidade.
Fica
como observação final um estudo aprofundado de cada componente dos
elementos que compõe o piso industrial de forma geral; uma análise
sincera dos solos, um estudo completo do concreto a ser utilizado,
ciência sobre a técnica ideal para as solicitações previstas e um
controle, não apenas durante mas posterior dos materiais e técnicas
empregadas.
BIBLIOGRAFIA
ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR
12042:
determinação do desgaste por abrasão.
Rio de Janeiro, 1992.
CHODOUNSKY,
M. A., VIECILI,
F. A. Pisos
Industriais de Concreto – Aspectos teóricos e executivos. São
Paulo, Reggenza, 2007.
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Belo Horizonte, MG. UFMG, 2010.
MC
– Bauchemie. Catálogos
técnicos de produtos 2012-2013. São Paulo, 2012.
Mehta,
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– Microestrutura, Propriedade e Materiais. São
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Curitiba,
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Rodrigues,
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P. F., Manual de Pisos Industriais – Fibras de Aço e Concreto
Protendido. São Paulo. PINI, 2010.
VIECILI,
F.A., Influência
dos endurecedores superficiais cimentíceos na resistência à
abrasão
de pisos industriais de concreto.
Porto Alegre, RS. EE/UFRGS, 2004.
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