Fico
revoltado com certas notícias que vejo na TV, jornais ou nas redes
sociais. Casos de violência de todos os tipos. Quanto mais vejo,
mais me revolto. Será esse o objetivo de vermos tantos problemas?
Que fiquemos revoltados a ponto de decidir de forma sanguínea todas
as mazelas? De certa forma, me revolto por essa dúvida também.
Façamos
um raciocínio breve: esses problemas violentos que vemos não são
novidades do ser humano. Aliás, não há nada de novo por aqui. O
detalhe está na forma como recebemos a informação. Há um pré
julgamento de todo o caso violento. As reações, em sua maioria, são
canalizadas com o intuito de que a notícia dure o bastante para que
a justiça seja feita, legalmente ou não. Sem querer entrar no
mérito da jurisprudência tupiniquim, independente de se ela é
aplicada ou não, o fato de desejarmos justiça nos torna de certa
forma juízes, ainda que possamos ter uma longa ficha corrida de
crimes pessoais.
Como
identificar o problema do problema?
Tenho
pensado muito nisso de uma forma mais abrangente, que contemple não
só a violência, como também os demais problemas nossos (corrupção,
vaidade, preconceito). A raiz está em nossa moral ou do que a
constitui. Nós, brasileiros, não possuímos regras morais que sejam
parâmetros absolutos para seguir algum tipo de ética. Não vejo
alguém sendo ético do ponto de vista que se esperaria de um
brasileiro. Um brasileiro, para os outros que não o são, é um ser
alegre, esforçado, “gente boa” e principalmente adaptável. Um
brasileiro se familiariza muito rápido a qualquer cultura, o que
parece ser notável (por ser plural culturalmente) e que na verdade
escancara que não valorizamos algo que é nosso por origem, pelo
simples fato de não termos esse “nosso”. Continuamos com status
de colonizável, não teríamos como colonizar lugar algum. Na nossa
identidade, faltam números.
Temos
que ir tão longe? Acho que sim. Antes tarde do que nunca. Estamos
sendo mais cruéis do que quem condena um inocente a morte, ou seja,
estamos fazendo isso legalmente. Nossa falta de critérios e nossas
emoções em nossas reações estão fazendo vítimas. Estamos
estacionados evolutivamente e, quando damos um passo, o fazemos sem
pensar, apenas sentimos que devemos caminhar. Ou melhor, correr. Seja
qual for a direção.
Já
ouvi muitas ideias (e acreditei nelas durante um tempo) sobre como
resolver nossos problemas: que uma guerra que devastasse tudo, que um
totalitarismo dizimasse os descontentes, que voltássemos a ser
colônia (desta vez da Suíça), que ETs nos dessem sabedoria sem que
precisássemos buscar o conhecimento, que simplesmente criássemos
outros pequenos países geograficamente semelhantes aos de primeiro
mundo, que o Lula e o FHC voltassem juntos, que o Papa e a Copa do
Mundo fosse nossa. Há de tudo, mas pouco se faz.
Enfim,
disso concluo que somos inertes com o que verdadeiramente dá certo,
e tomamos a iniciativa com aquilo que mexe com nosso brio. Reconhecer
essa dificuldade já é um começo. Um problema a menos.
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