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As desventuras de amigo Menino - X


Capítulo 5 – O fim desta história, ou o começo do presente.


Billy permanecia amordaçado frente aos computadores. Não tinha idéia do que presenciava, sentia falta de seu fiel amigo cachorro. Agora parecia atribulado, não sabia o que fazer a não ser esperar. Certamente ele se livraria desta, as coisas para seu lado sempre davam certo.
Os bandidos possuíam recursos tecnológicos muito avançados. Uma arma letal seria disparada em poucos segundos. Não se sabia para o que serviria, mas aparentava ser um telescópio gigante. O futuro do planeta dependia do encontro entre os povos.





O orangotango alado do inicio da história, o que havia raptado o meio velho aproxima-se de Southtown. Abaixo de seus pés, a pelo menos 500 metros da cidade, caminham dois seres muito estranhos (isto pois o orangotango nunca havia visto seu reflexo no espelho). Era Saturno e Xarope, que haviam pegado um atalho para a casa da vovó (um exemplo); no mesmo ritmo, a pelo menos 1km atrás, estavam as tropas de Müllre, e toda a população, esquecendo apenas de João Júpiter, que continuara ao pé de um monte no parque do Caracol, tentando achar uma passagem secreta. Ainda, a 2,5km, estavam nossos aventureiros, que avistaram os dois grupos a sua frente.
- Eles não podem chegar primeiro! – indagou Menino.
- Eles quem? – disse Iceberg, que estava com uma venda nos olhos.
Popogenic’s teve a brilhante idéia de chamar as garças. Elas estavam por perto, bastava um misero assobio. Eis outro problema: ninguém sabia assobiar, pratica que era tão abolida quanto comer ou beber água.
Num ato fisicamente futuristicamente impossível, Iceberg pôs um dos dedos da testa na boca, provocando um assobio nada suave, que fora ouvido na quinta Avenida de Southtown (zona sul da cidade). E como esperados, lá estavam às garças, resmungando sobre ter de encontrar outra vez Iceberg. Este estava mais atônito do que nunca, pensando em sua “orangotanga” de Oteromequitá. Maisá, o mais sem ações do grupo resolve utilizar uma haste ajato tônico, um dispositivo de impulso. Coisas do futuro...
Em uma cena incrível, em todos na busca pela cidade perdida pisam nela, ao mesmo tempo, uma luz incandescente brilha no espaço e reflete na Terra. Algo chocante. Os bandidos que seqüestraram Billy utilizam sua arma potente, para conter o que parecia um grande cometa, mas em nada interfere. A luz é de uma cor esbranquiçada que causa cegueira temporária a todos. Nunca se havia visto tão incandescente luz naquele planeta em que inexistiam cores vivas. Naquele momento tudo fora interrompido, todos pararam de respirar. Um profundo sentimento de paz atingiu a todos que observavam o fato. Cessavam por alguns segundos os sentimentos de guerras promovidos até então. Todos os seres viventes terrestres em todos os lugares, inclusive João Júpiter, no parque do Caracol, conseguem admirar com detalhes toda a luz, que ilumina cada centímetro antes impossível de perceber. Em resumo, todos que antes viam daquele jeito de Yesterday, agora realmente podiam observar a tudo. Era o que o mestre Klun havia lhos dito: a luz é algo misterioso, que causa grande impacto de paz quando existe, e profunda tristeza quando se desintegra.
Algo estava muito óbvio, mas antes não podiam ver. Aquela luz chegou numa hora exata de iniciação de um conflito sem motivos algum. Porém tão previsto quanto um ciclo. Era o fim. O fim das dúvidas.



Lá no alto, como podiam observar, se representava um espelho, muito grande, que para fins de esclarecimentos específicos, encobria a Terra, formando uma atmosfera espelhada. Todos que fitavam o céu não conseguiam desviar-lo a atenção.
Era exuberante. Ver-se-iam cores, que alguns dos mais antigos habitantes da própria Southtown reconheciam. Eram verdes as árvores, eram azuis os rios, era frutífera a terra, era um sonho real. Não se via ninguém, notando isto, os que olhavam perceberam suas ausências no reflexo. Mas contemplaram sua permanência naquele lugar. Era bom, o oxigênio, temido por muitos, era tragado com maior facilidade e purificava os seres viventes, lhes atribuindo novas cores.
Era fascinante. Água que enxugava os pés da multidão de Müllre traziam ondas de encanto. Todos gostam e todos queriam o local.
Mas uma voz brada do horizonte, e no horizonte se ouvia a mesma voz propagada da mesma direção. Era guiada pela direção dos ventos, trazida com suavidade aos ouvidos danificados dos Yesterdays.
- Vocês não existem.
Um momento de apreensão. Todos se olhavam, antigos inimigos apenas queriam saber de quem era aquela voz, o que queria dizer e, afinal, o que estava acontecendo. Tudo em paz.
Logo voltou aos ouvidos a mesma voz, com o mesmo contexto e a mesma dúvida:
- Vocês não existem.
Um dos mais intrigados resolveu gritar bem alto, assim como outros em diversas camadas do planeta.
- Quem é você? O que quer? O que está acontecendo.
A voz respondeu. No mesmo tom, anunciou:
- Vejam!
Todos olharam para cima. Único lugar para se ter que ver, pois o espelho era misterioso.
Por um minuto se viu muito. Era acontecimentos, fatos verídicos, mortes, assassinatos, violência e tudo o que era bom. Isto os fez lembrar do antigo planeta Carbono.
Mas ainda nada entendiam.
Logo notaram o reflexo igualmente do que estavam se sobrepondo. Mas havia um casal. Tudo era muito rápido. O casal se multiplicou, logo vieram cidades, estados, nações e guerras. Mas ainda não se tinha o motivo para tanta violência.
Tão logo, a cena do mesmo planeta benéfico voltou.
O povo espectador estava mais perdido em pensamento.
As cenas continuam. O mesmo casal está recebendo ordens. Mas em uma desrespeitam, e são banidos daquele lugar, indo morar em um muito abaixo em. Fora criado o trabalho e as necessidades. Logo se criou o assassinato, por desobediência as ordens. Logo, novamente um outro desvio das leis, ouve uma incrível queda de meteoros e uma interminável chuva. Mesmo sendo castigados, este povo que tinha privilégios no começo continuou a desobedecer às ordens. Homens eram levantados para que eles cressem naquele que impunha as ordens. Abriram mares, derrotaram gigantes, derrotaram milhares de homens com um só golpe, enfrentaram leões e não eram feridos. O próprio filho deste que impunha as ordens fora mandado para alertá-los que a desobediência era perigosa. Poucos lhe deram ouvidos e o mataram. Após, com ajuda de seu pai, ressuscitou, cumprindo assim a última chance destes moradores da face da Terra. Agora dependiam de si próprios para morarem em um lugar melhor. Passam-se os anos e a Terra começou a piorar. Fome, destruição, catástrofes. Muitos não sabem explicar o porquê disso tudo, embora alguns ainda se lembrem das palavras do Filho do Homem. E o fim parece próximo.
Aquela luz retorna e voz também.
- Vocês não existem.
Nosso amigo Menino, muito intrigado, pergunta em um tom ao qual toda a Terra ouve:
- Quem é você?
A voz responde em pouco tempo de espera.
- Sou o narrador desta história.
Todos começam a se perguntar: Mas o que significa isto? De que história ele está falando? Menino, um pouco mais ávido que os demais, têm a impressão que sabe quem é.
- Ah, então você é Paulo Matheus?!
- Sim, sou eu mesmo.
Todos ficam perplexos ante a declaração da voz. Trata-se do autor desta história. Mas o que será que queria logo agora no final?
- Apenas quero lhes dizer que são obra de pura ficção. Não existem na realidade.
- Mas o que é a realidade? – perguntou Popogenic’s.
- Lembram-se do que viram nos reflexos? Aquilo é a realidade, mas ainda está inacabada.
Nossos amigos ficam horrorizados. Primeiro, por descobrirem pelo próprio autor do livro que não existem. “Ele estragou o tria!”. Mas ainda assim, Menino queria uma explicação convincente do que era então a realidade, qual era a diferença entre o mundo real e o planeta Carbono.
- Respondendo a sua questão – já que fui eu mesmo que escrevi seu pensamento -, a realidade nada mais é que o tempo. O tempo explica por que temos que morrer, ao invés de viver. Tudo tem seu tempo. Afinal, a Terra superlotaria se não houvesse a morte dos mais velhos...
- Na minha realidade – continuou o narrador -, o tempo está acabando. Mas este tempo é diferente. É o chamado “Fim dos Tempos”, quando o Filho do Homem virá buscar aqueles que acreditam em seu retorno. Tudo indica que ele irá voltar. Quando as condições de vida forem mínimas e as guerras, de uma forma mais destruidora, começarem.
Todos, ainda absortos, queriam mais explicações sobre este tal “narrador”, e por que tudo aquilo havia acontecido. Menino começava a assimilar alguns fatos. Agora imaginem como estava a cabecinha de vento de Iceberg. Pelo visto tentava acordar a cada minuto deste sonho interminável. Ao contrário do que todos pensavam e até mesmo Eu, o narrador desta história, ele sabia demais.
- Agora eu entendi – disse ele, para o descrédito de todos os presentes (inclusive a quem ele nem conhecia).
- Entendeu o que? A piada de ontem? – resmungou Menino.
- Eu conheço esta história desde quando eu nasci. Falava sobre um mundo em que nunca um ser humano, tão pouco um yesterday poderia imaginar. Um mundo inimaginavelmente bom. Só que ninguém acreditava nesta história. Há muito tempo, talvez séculos atrás, este Filho do Homem veio buscar o que nele criam, e deixou muitos aqui neste lugar.
- Genial! – disse o Narrador.
Todos admiravam as palavras proferidas por um João Ninguém. Alguém que não acreditava que todos lhe dessem crédito, mas na última hora não negou as palavras que o Narrador desta história acabara de dizer. Menino era o mais perplexo. “Como um molóide haveria de saber tudo isto?”.
- Este é o fim!
- Mas como? – interrompeu Menino, querendo saber como este tal “Narrador” acabava a história assim, sem mais nem menos. E como nós ficamos?
O narrador pensou um pouco. “Como deveria esta história acabar, semelhante ou diferente da história verdadeira?”.
- Sabe, ainda estou pensando, se fosse à realidade, o tempo que o meu Criador quisesse acabar a história, ele acabaria. Ele tem o direito de fazer isto. Pois tudo tem seu tempo. Mas nesta história, vou dar-lhes uma segunda chance...
- Mas que tipo de chance? – perguntou Menino.
Num movimento repentino, abriram-se dois caminhos. Um nefasto, muito pior que a escuridão do planeta Carbono. Era mais escuro e expelia fogo e enxofre. O outro, podia-se sentir um ar bom, ar de quero mais, ar de eternamente. Era bom, um sentimento nunca antes sentido pelos yesterdays. Existia uma diferença extremamente alta entre os dois caminhos.
Entretanto, o que decidiria por onde seguiriam seria o intelecto de cada um.
Todos se olharam. Voltar para onde estávamos ou melhorar?
Num movimento bastante impensado, todos se voltaram para um dos caminhos, e apenas Iceberg fora para o outro lado.
Menino percebendo, logo indagou:
- O que está fazendo, seu maluco! Todos estão indo para esse lado e você teima em ir para outro. Onde você está com a cabeça?
- Apenas confie em mim, apenas nesse momento.
Menino não sabia responder, estava pasmo ante a decisão do amigo. Sentiu pena dele, porém lembrara que o narrador concordou com sua conclusão.
- Por que não arriscar! – indagou o Menino.
Eles embarcaram no caminho mais estreito, aquele que dificilmente se conseguiria passar. Mas no fim das contas, Menino gostou da decisão. Voltou para o lugar onde aquele casal estava e viu que era bom. Não quis saber do destino dos outros personagens, nem do que o narrador lhes quis fazer (garanto que não foi algo bom!). Agora era dali bom para sempre.



Enquanto isso, o Narrador é questionado sobre o final de sua história:
- Não entendi o final? – pergunta um ser imaginário.
- Mas o que tu não entendeste?
- Você começa satírico e acaba desse jeito...
- Pelo contrário: sabe o que é mais engraçado neste final? Ele existe de fato!
Acabado a história fictícia, apenas o tempo dirá se isto tudo (apenas o final) está certo. Por enquanto, durante o tempo de vivência, espera-se passar os bons tempos de hoje. Outrora. Ou agora.



FIM
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Sobre Paulo Matheus

Esposo da Daniele, pai da Sophia, engenheiro, gremista e cristão. Seja bem vindo ao blog, comente e contribua!

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