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A princesa


"Ela se aproximava do nascer do dia. Sua beleza era como o cantar dos pássaros ao clarear os verdes campos, quando o orvalho acabara de regar suavemente as flores que decoravam os primeiros dias de primavera. Ela vinha por essas bandas. Era o motivo de a vida ter a beleza que tinha. As cores eram mais intensas e os aromas mais perfumados. Mas dela exalava toda essa vida. Os pássaros, então, entoavam um cantar à princesa, que retribuía com seu lindo olhar; seu passo era suave e seu gestos admiráveis, o seu movimento milimetricamente marcava o compasso do dia, que se movia conforme o seu respirar. As folhas caíam não pela sua inutilidade, mas para amortecer os passos dela. A princesa era uma amostra da natureza criada por Deus, um símbolo da maravilha da Criação. Tinha os cabelos mais lindos, a pele macia, o sorriso que transmitia paz e sossego. Todos veneravam sua soberania, não por sua ostentação, mas sim pela vida que suas palavras enriqueciam. O soar de sua voz encantava até os que mal podiam lhe ouvir, e acalmavam os corações mais exaltados. O seu toque transformava o mais insignificante em algo de inestimável valor. Sua facilidade em sorrir e sua contagiante presença entre os diversos povos a faziam mais do que apenas uma linda princesa de um reino abastado, mas de um elo entre o bem e os que almejam. A vida deveria ser mais como ela, simples e alegre, tímida e sutil, sensível e perfeita. A luz do sol é seu holofote, ilumina-a, lhe dá energia, e o sol, porventura, recebe algo em troca, uma superfície diferente das demais, uma mulher que tem luz própria, que independe das pessoas, mas que fazia com que as pessoas fossem gratas pelo simples fato de existir. Ela desce pelo vale, ainda pela manhã, debaixo de uma leve neblina, e se aproxima do rio, onde as ondas antes freqüentes dão lugar ao mais calmo ambiente, onde apenas um córrego ao fundo faz um som de fundo de rara execução, onde todos adorariam acordar e descansar para sempre. Só que isso era o mundo de quem tinha a alegria de estar próximo a ela, que sentara ao pé de uma grande árvore, segurando um ramo de flores que colhera nas primeiras horas de luz, e que estavam perfumadas unicamente por estar próximas ao seu corpo; de lá, ela admirava a natureza que era bela, e a natureza a venerava, pois da princesa a natureza tirava seu encanto. Se as flores fossem flores, e a princesa não fosse quem era então ser belo seria subjetivo.  A vida girava em torno dela. Ela era a vida. A fonte."


(trecho de "Histórias para Daniele" - Paulo M. S. Souza).

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Sobre Paulo Matheus

Esposo da Daniele, pai da Sophia, engenheiro, gremista e cristão. Seja bem vindo ao blog, comente e contribua!

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