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Fugir das responsabilidades



Quem já assistiu ao filme "Idiocracia", de 2006, provavelmente deve ter, além de achado engraçado, percebido que há um pingo de verdade naquela teoria de fundo (apesar de a involução ser contestada pela ciência). A sociedade, que ao seu próprio ver, está mais “esclarecida e suficiente”, pensa que está salva em todos os aspectos da ignorância, principalmente ao colocar o homem atual, livre de vícios primitivos, como o ideal. Ou então, por conveniência, deixam de pensar nisso, já que os diversos protocolos dizem como devemos agir com o próximo, eximindo nós de qualquer obrigação “ física e constrangedora”.

Um outro ponto que gostaria de mostrar me faz lembrar do episódio “The Dog”, de Seinfeld. Naquele monólogo inicial, ele imagina como seria engraçado se alienígenas observassem nossos costumes na terra, principalmente com relação aos cães. Ele diz que, ao observar um homem e um cão andando juntos pela rua, onde o cão faz o cocô e o homem carrega, naturalmente, os alienígenas concluiriam que o cão é nosso líder. O que pode, quase 30 anos depois, parecer uma piada indelicada, já que cães atualmente podem ter plano de saúde, direito a herança e cerimônia de “casamento”.

O fato de deixarmos para o Estado, a constituição ou qualquer ONG os nossos deveres básicos para com o próximo apenas nos faz esfriar e tornar independentes de qualquer atitude com relação ao próximo. O resultado é que damos mais valor aos seres vivos menos dependentes de exortação. Muitos cristãos admitem isso também, já que, em seu próprio entendimento, acreditam que, assim como os cães, necessitam apenas de vacinas e um pouco de ração para seguirem em frente. Oséias já havia dito que “o povo se perde, ou perece, por falta de conhecimento”. Entretanto, alguns cristãos dão margem a esta interpretação do Naturalismo, de que devemos “deixar as coisas fluírem”, que “tudo vai dar certo no final”, só restando aí para completar uma trilha de fundo com “Imagine”, de John Lennon.

Isso é fugir de nossas responsabilidades. Criar e lidar com um ser humano não é fácil. Mas não consigo perceber isso, como cristão, um caso perdido e que devemos escapar para algo mais simples. Não sou contra os animais, mas quais são nossas prioridades? As vezes, acho que nós queremos mesmo é o paraíso das Testemunhas de Jeová, onde poderemos viver em paz com os animais selvagens, e por que não, com alguns seres humanos selvagens.

Somos cobrados a nos posicionar sobre muitos assuntos, mas neste parece haver uma tangente por onde migram muitos cristãos. Ou deixamos “as coisas fluírem” e concordamos que a seleção natural cuide de tudo – o que ainda daria margem para que a Planned Parenthood se torne o próprio Ministério do Planejamento – ou agimos impedindo que voltemos a ignorância. Não é desejo de Deus que venhamos a perecer, mas que sejamos salvos.




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Sobre Paulo Matheus

Esposo da Daniele, pai da Sophia, engenheiro, gremista e cristão. Seja bem vindo ao blog, comente e contribua!

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