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TÓPICOS PARA A EXECUÇÃO DE PISOS INDUSTRIAIS DE ALTA RESISTÊNCIA DE CONCRETO










Tópicos para a execução de pisos industriais de alta resistência de concreto

Outubro/2016.

Paulo Matheus Souza de Souza
Engenheiro Civil, Fundação de Ciência e Tecnologia – CIENTEC, Porto Alegre, Brasil, matheuspaulo@outlook.com

Jéssica Bednarek Gonçalves
Engenheira Civil, jessicabednarekg@gmail.com

Kevin Caselani Siqueira
Engenheiro Civil, Fundação de Ciência e Tecnologia – CIENTEC, Porto Alegre, Brasil, kevincaselani@hotmail.com

Fellippe Reinert
Engenheiro Civil, PAVEI Construções, Porto Alegre, Brasil, fellippe_paulista@hotmail.com 


RESUMO: Este artigo irá abordar o tema ‘Tópicos Para a Execução de Pisos Industriais de Alta Resistência de Concreto’. Apresentará uma pesquisa breve sobre o uso corrente da técnica de execução, descrição dos materiais, características dos ambientes mais solicitadas e também dificuldade quanto aos processos utilizados. Por fim, detalhará os métodos de execução e controle da qualidade.

PALAVRAS-CHAVE: Concreto, Pisos industriais, Alta resistência, Aditivos.


1 INTRODUÇÃO


É sabido que a qualidade de um piso industrial de concreto é essencialmente dependente da obtenção de uma superfície de elevada dureza e durabilidade, plana e relativamente livre de fissuras, que esteja em conformidade com um nível de referência, e que possua uma textura superficial adequada à futura utilização do piso. As propriedades da superfície são determinadas pela dosagem dos materiais, pela qualidade da concretagem e execução das juntas, (RODRIGUES, 2010, apud ACI, 1996).

Os pisos industriais de concreto devem atender a diversas exigências não só à resistência mecânica, mas também em durabilidade, permeabilidade e diversas funções, dependendo do tipo de indústria a ser pavimentada. Diferente de pavimentos de concreto em estradas e rodovias, os pisos industriais terão de suportar cargas fixas, com maquinário normalmente pesado, além disso, deverá ter uma variação térmica menor, caso a indústria faça esse controle no ambiente.

Este trabalho também buscará apresentar também novidades na área, como a utilização de fibras e de aditivos que auxiliem na resistência superficial, bem como novas tecnologias relacionadas a piso de concreto.


2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 PISOS INDUSTRIAIS DE CONCRETO

Os pisos de concreto constituem um elemento de extrema importância no ambiente industrial. Espera-se que sua superfície ofereça uma grande resistência e um acabamento ideal, bem como sua base e constituição seja bastante resistente e durável.

Segundo a Viecili (2004), os pisos industriais são definidos como elemento estrutural com a finalidade de resistir e distribuir os esforços verticais provenientes do carregamento do subleito. É considerado como elemento de grande importância para a logística de operação das empresas, visto que é sobre ele que as atividades produtivas se realizam, proporcionando movimentações de carga e equipamentos, além de resistir aos esforços mecânicos, químicos e biológicos.

Os modelos de pavimentos de concreto em indústrias, no que conhecemos hoje, foram trazidos para o Brasil nos anos 90, seguido o modelo europeu. Mesmo assim, o mercado nacional é um dos melhores do mundo, tendo bastante destaque para o dimensionamento nos projetos. O desenvolvimento do setor está ligado diretamente a situação econômica do país, sendo que o aparecimento de grandes indústrias no fim do século passado contribuiu em muito para o aparecimento de novas técnicas no mercado.

Os pisos industriais são geralmente compostos por cinco camadas principais sobrepostas com funções específicas. Cada uma dessas camadas, ou layers, como são conhecidos por alguns profissionais da área, tem função específica dentro do sistema construtivo. Os cuidados de projeto e execução de cada uma delas são de extrema importância para a eficiência e qualidade dos pisos industriais.

Figura 1 – Principais componentes do sistema construtivo de pisos industriais.

Em alguns casos específicos, se faz necessária a inserção de mais camadas para combater problemas, como por exemplo, de drenagem superficial e camada de bloqueio. O projetista deve avaliar os dados relativos à análise do solo, solicitações de cargas previstas e utilização do piso para poder definir e propor com muito cuidado, os sistemas mais indicados em cada situação.

As juntas também são componentes fundamentais na maioria dos casos de pavimentação industrial, combatendo as variações higro-térmicas do concreto, induzindo fissurações localizadas e auxiliando no processo executivo de concretagem (Gaspareto e Rodrigues, 2010). Atualmente, notamos que os pisos industriais tem juntas de dilatação mais espaçadas. As placas de concreto, que são normalmente empregadas em pavimentos rodoviários (principalmente em corredores de ônibus em Porto Alegre, a exemplo da 3ª Perimetral, por exemplo), não são bem concebidos em pisos industriais. A resistência destes pavimentos podem atingir 35 MPa, sendo que o agregado é o principal influente na resistência a abrasão, e os concretos comuns utilizados em industrias, com resistência superior, a argamassa desempenha este papel.

2.2. SOLO E SUB-BASE

2.2.1 SOLO
Os solos podem ter definições distintas em função da ciência que os classificam, uma vez que sua inteiração com o ser humano é ampla, presente em nossas vidas de maneiras distintas, como nosso próprio suporte, como fonte de alimentação, em que os alimentos são cultivados, como material de construção, tanto de habitações como rodovias etc.

Conhecer a origem do solo que será a fundação do piso industrial é essencial, pois muitos comportamentos poderão ser previstos antes mesmo da execução de ensaios físicos ou químicos do material. Por exemplo, um solo residual do cinturão orogênico do Atlântico pode ser muitas vezes micáceo, dependendo do grau de intemperismo sofrido e, portanto, expansivo; em contrapartida, apresentam bom suporte, exceto os maduros, necessário para cargas elevadas presentes em pisos industriais. As areias finas argilosas da bacia do Paraná costumam ser excelentes materiais para pavimentação, mas costumam ser porosas, o que causa problemas quando o piso é submetido a cargas distribuídas elevadas.

O subleito é a interface do terreno de fundação e o sistema piso, sendo a primeira camada do solo a receber os esforços gerados pelos carregamentos atuantes no pavimento.
Os solos formados pelo intemperismo tropical, em que predominam altas temperaturas e índices pluviométricos elevados, apresentam características diferentes dos não tropicais submetidos a processos semelhantes de formação.

Essas características permitem que os solos tropicais apresentem comportamentos estruturais que, muitas vezes, não são diferenciados pelos ensaios tradicionais da mecânica dos solos.

Tabela 1 – Dados relevantes quanto aos solos conforme o DNIT.

Diferentemente dos pavimentos rodoviários, onde apenas uma pequena camada do solo, situada a até 1,5 m de profundidade, percebe efetivamente a ação do carregamento móvel, nos pisos industriais, há carregamentos estáticos, que acabam solicitando as camadas mais profundas do horizonte.

A interação da placa de concreto com a fundação - o solo - é um dos capítulos mais importantes do projeto dos pavimentos industriais, mas ainda pouco estudado, e a engenharia nacional é rica em exemplos negativos sobre a interpretação do comportamento dos solos por parte de alguns técnicos do setor.

O solo é composto por um sistema com três fases: ar, sólidos e água; quanto mais próximas estiverem as partículas sólidas, mais resistente e estável estará o solo. A compactação é a operação que resulta na aproximação das partículas sólidas, com o consequente aumento de sua massa específica.

2.2.2 SUB-BASE

As sub-bases são os elementos intermediários entre a placa de concreto e o subleito e apresentam diversas funções, algumas conhecidas, outras pouco exploradas. Como definição clássica, as sub-bases apresentam as seguintes funções:

Homogeneizar as condições de apoio: o solo é um material heterogêneo e, por isso, pode apresentar características mecânicas variadas na superfície do subleito e a sub-base tem como função - talvez a mais importante - uniformizar o suporte de modo que se tenha coeficiente de recalque do sistema praticamente constante ou o mais constante possível.
Eliminar o bombeamento: quando o solo apresenta finos plásticos e encontra-se saturado, com os movimentos verticais na junta da placa, acaba liqüefazendo e sendo expelido, juntamente à água, pela ação de cargas móveis sobre o piso.
Controlar solos expansivos: por ação física do peso, reduz ou impede a movimentação de solos expansivos.
Impedir a umidade ascendente: sub-bases granulares, com granulometria adequada, funcionam como camada de bloqueio da umidade ascendente, que ocorre por movimentos da água nos capilares do solo.
Drenagem: em áreas abertas, a sub-base pode funcionar como camada drenante, que impede que o acúmulo de água sob o pavimento venha causar danos ao subleito.

Podem-se definir três tipos básicos de sub-bases:

Solo tratado: ou solo melhorado, são as sub-bases em que se emprega o próprio solo local, com algum reforço ou adição, de modo que aumente a rigidez e a capacidade de suporte do material.
Granulares: geralmente obtidas com material produzido industrialmente - britas - ou naturais, como seixos e cascalhos lateríticos.
Cimentadas: são aquelas que podem ser produzidas com o próprio solo local - solo cimento - ou com material britado, como as de concreto compactado com rolo ou as de brita graduada tratada com cimento.

2.3 CONCRETO

O concreto para pisos é obtido pela dosagem adequada dos materiais disponíveis na região, sendo produzido de maneira homogênea um material que pode ser adequadamente lançado, adensado e acabado com os equipamentos usualmente empregados na confecção - réguas vibratórias, vibradores de imersão, rodo de corte, acabadoras mecânicas etc. - e que incorpore, após o endurecimento, propriedades como resistência mecânica - tração na flexão e compressão - resistência à abrasão e estabilidade dimensional.

O concreto é um material que apresenta variações expressivas de suas propriedades ao longo do tempo. No início, após a mistura de seus componentes, apresenta-se com comportamento de fluído viscoso, que permanece assim por determinado período, que depende da cinética química do cimento, da temperatura ambiente, de seus aditivos etc (METHA & MONTEIRO, 2008).

Define-se por trabalhabilidade o conjunto de propriedades do concreto fresco, as quais permitem que ele seja misturado, transportado, lançado, adensado e acabado de modo apropriado para cumprir as exigências de material de engenharia quando em serviço.

Exsudação é o fluxo de água no concreto recém-lançado causado pelo assentamento de partículas mais pesadas (PCA, 2002); ocorre no estado plástico e cessa quando a estrutura começa a enrijecer. Como se pode perceber, misturas muito fluidas e sem coesão tendem a exsudar mais.

A retração plástica ocorre muito precocemente, quando a taxa de exsudação é inferior à evaporação da água do concreto, o que promove uma dissecação na camada superior do pavimento, cuja profundidade vai depender das condições atmosféricas e das características do concreto, como relação água/cimento, teor de cimento e principalmente das condições de evaporação. Em ambientes com baixa umidade relativa do ar e incidência de ventos, as misturas ricas em cimento estão mais sujeitas à retração plástica, acompanhada das tradicionais fissuras curtas, que surgem em grupos paralelos entre si.

A resistência à compressão do concreto obedece à Lei de Abrams, uma centenária regra de dosagem do concreto: a resistência à compressão varia inversamente à relação água/cimento.


Figura 2 – Resistência a compressão x água/cimento.


A resistência à tração na flexão também segue a lei de Abrams, mas essa propriedade também é afetada por outros fatores, principalmente as características dos agregados.

A resistência à abrasão é uma importante propriedade para os concretos submetidos ao desgaste superficial causado pelo tráfego de veículos ou mesmo pelo caminhar de pessoas.

O concreto é um material de comportamento inelástico não-linear, tanto na tração como na compressão e, portanto, o termo módulo de elasticidade deve ser utilizado com cautela, pois não representa um valor único como nos materiais lineares elásticos (RODRIGUES, 2010).


2.4 TIPOS DE PISO

2.4.1 PISOS DE CONCRETO SIMPLES

Neste tipo de piso, todos os esforços de tração gerados pela retração, variação térmica e pelo carregamento, são resistidos pelo concreto. Não há presença de armadura estrutural ou de combate à retração podendo-se, entretanto, empregar dispositivos de transferência de cargas tais como barras de transferência ou barras de ligação.
O dimensionamento da espessura do piso está intima e diretamente ligado às tensões de tração na flexão produzidas pelas cargas solicitantes. O dimensionamento do piso pode ser efetuado na condição de não fissurado, ou seja, limitando-se a tensão de tração na fibra inferior da placa de concreto a certo valor, chamado admissível, correspondente a resistência à tração na flexão dividida por um coeficiente de segurança, (Boyd & Anderson, 1995).

Figura 3 – Pavimento de concreto simples sem e com barra de transferência.

Figura 4 – Execução de piso de concreto simples.

2.4.2 PISOS DE CONCRETO COM ARMADURA DE RETRAÇÃO

Com as características similares aos pisos de concreto simples, possuem apenas uma baixa taxa de armadura empregada para o controle de fissuração por retração do concreto.

Geralmente utilizado telas eletro soldadas em aço CA 60 ou fibras de aço em baixos teores, tem como função o combate às fissuras de retração. A tela geralmente é empregada em taxas menores que 0,05% e em fibras com consumo de 10 a 20 kg/m3.

2.4.3 PISOS DE CONCRETO COM FIBRAS DE AÇO

O uso de fibras de aço no concreto possibilita o incremento da tenacidade do concreto, representada pela energia necessária para conduzir a peça ao colapso, permitindo ao concreto maiores deformações antes da ruptura.
Os pisos de concreto reforçados com fibras de aço apresentam capacidade de carga muito superior que as peças de concreto simples, além de mudarem o comportamento do concreto de frágil para dúctil, permitindo carregamentos crescentes mesmo após início do processo de fissuração.


2.4.4 PISOS DE CONCRETO ESTRUTURALMENTE ARMADO

Tira-se o proveito da boa resistência à compressão do concreto aliada à resistência à tração do aço, resultando em placas menos espessas. No cálculo, as tensões de tração são resistidas apenas pelo aço, desconsiderando a resistência do concreto.

Baseado nessas considerações pode-se determinar uma única armadura para todo o piso, o que conduz a um dimensionamento mais econômico. Nas áreas sujeitas à carga cruzando ou tangenciando bordas livres é bastante fácil a colocação de reforços localizados, na armadura estrutural, não havendo necessidade de construção de placas com espessura variável, fato que facilita e agiliza a preparação da base.

Figura 5 – Esquema do pavimento estruturamente armado.





2.4.5 PISOS DE CONCRETO PROTENDIDO


Utilizado desde meados da década de 40 na Europa e nos Estados Unidos, o piso protendido resumidamente consiste em um piso reforçado com cordoalhas de aço. Tracionadas por macacos hidráulicos, as cordoalhas engraxadas, transmitem a compressão para a placa de piso através das ancoragens posicionadas nas extremidades.

No cálculo da força de protensão deverão ser consideradas as perdas de carga com o tempo, por retração e fluência do concreto e relaxação do aço, além do atrito do cabo com a bainha e o recuo do cabo durante a cravação da cunha. A perda imediata por encurtamento do concreto em virtude da aplicação da força de protensão é normalmente, para as taxas usuais de armadura ativa, menos significativa que as outras perdas.

Figura 6 – Protensões prontas para receber o concreto em um pavimento industrial.


3 EXECUÇÃO

A execução do piso industrial pode ser separada em duas etapas: a primeira, refere-se ao preparo da fundação, com as operações de compactação do subleito, aplicação de eventual camada de reforço e da sub-base. A segunda refere-se à execução da placa de concreto, com as tradicionais tarefas de colocação de formas, lançamento, acabamento, cura e serragem de juntas.


3.5.1 FUNDAÇÃO

A capacidade de o pavimento resistir aos esforços previstos vai depender da integridade do sistema subleito - sub-base. A fundação do pavimento é constituída normalmente pelo preparo do subleito e da sub-base. O preparo do subleito é basicamente a compactação, sendo recomendável que ela esteja a 98% da energia do proctor normal.

Cada solo tem a sua curva de compactação, que define a umidade ótima e a densidade aparente seca máxima, que varia em função da granulometria, teor de silte e argila e outras características do solo. Para um mesmo local, o solo pode variar bastante com a profundidade escavada, mudando de maneira acentuada a curva de compactação, que passa, por exemplo, de argilas residuais maduras a siltes.

Embora o projeto seja quem vá definir a capacidade mínima do solo, deve-se
procurar trabalhar com valores de índices de suporte Califórnia (CBR) superiores a 6% e expansão menor que 2%. Em caso de valores mais baixos, é sempre conveniente a adoção de camada de reforço, com material de CBR superior a 20%

A tolerância executiva da sub-base vai interferir diretamente na espessura da placa de concreto, a qual, se ficar acima do especificado, será penalizada pela redução de espessura; entretanto, se ocorrer o contrário, o custo da obra será maior que o previsto.

A prática de colocação de uma camada final de areia sobre a sub-base, a título de regularização e acerto de cotas, é condenável, pois areias costumam ter granulometria descontínua e consequentemente baixa capacidade de suporte. Como alternativa, essa camada pode ser executada com areia artificial, com pelo menos 10% a 30% de material passando pela peneira 0,15 mm, com granulometria contínua (entre as peneiras 4,8 mm e 0,075 mm), ou mistura de pedrisco, areia e pó-de-pedra, com as mesmas características citadas, adequadamente compactadas.

Sobre a sub-base, é aplicado um filme plástico, com o objetivo de reduzir o coeficiente de atrito com a placa de concreto, situação particularmente importante quando se trabalha com placas de grandes dimensões.

Esse filme plástico pode atuar também como uma barreira de vapor, para impedir a ascensão da umidade por meio da capilaridade no concreto. Entretanto, materiais mais simples, como o plástico preto normalmente empregado, com espessura mínima de 0,15 mm, costumam deteriorar-se rapidamente em contato com a alcalinidade do concreto, e quando há de fato a necessidade do controle de umidade, é recomendável o emprego de materiais mais resistentes, como as mantas de PVC ou outros polímeros com boa resistência química.

3.5.2 CONCRETAGEM DO PISO

As patologias comuns hoje observadas sinalizam que a concretagem deve ser objeto de intenso controle executivo, precedido de treinamento dos operários que vão executá-la. É recomendável que seja feito preliminarmente um pequeno trecho experimental, que poderá ser utilizado também como padrão de qualidade.

O concreto é afetado de modo negativo quando executado em tempo quente, com efeitos que podem ser minimizados, mas nunca completamente controlados; a temperatura ideal de lançamento do concreto está entre 10°C e 15°C, raramente presente em países tropicais. Acima dessa temperatura, pode-se considerar que haverá perda nas propriedades mecânicas - embora a resistência inicial seja maior - incluindo a resistência química e à abrasâo; a retração será maior.

Exceto em regiões muito afastadas dos centros produtores de concreto, os pisos são executados com o emprego do concreto usinado, ou pré-misturado, cujo uso está bastante disseminado, principalmente quando se trata de obras industriais.
Nessas obras, o volume de concreto empregado no piso é da mesma ordem de grandeza do empregado na estrutura; a título ilustrativo, no caso das industrializadas de concreto armado, a espessura média (volume de concreto da estrutura dividido pela área da obra) gira entre 10 cm e 12 cm, incluindo a cobertura. Portanto, em grande parte das vezes, a quantidade de concreto do piso suplanta a da estrutura.

As fôrmas são empregadas na execução das juntas de construção e desempenham importante papel na qualidade dos pisos, quer seja na qualidade da junta formada, como no nivelamento (FL) superficial, como será apresentado mais adiante. Como as formas geralmente não estão sujeitas a esforços elevados, são bastante simples de ser executadas, e os perfis de aço laminados têm cumprido satisfatoriamente as necessidades executivas; perfis dobrados, também empregados, como formas, apresentam bordas arredondadas, o que não favorece o acabamento.

O transporte do concreto efetuado por caminhões betoneira deve ter seu tempo de percurso controlado e compatível às características do concreto e às condições climáticas, para não reduzir seu período de trabalho nas operações de acabamento.

O lançamento do concreto deve ser feito em faixas onde um longo pano é concretado e, posteriormente, as placas são cortadas, formando as juntas serradas, que podem ser apenas transversais ou também longitudinais, quando se emprega equipamento do tipo Laser Screed, Figura 9.6, ou réguas vibratórias de dimensões elevadas, o que permite a concretagem simultânea de grandes áreas. Concretagens em xadrez, onde as placas são alternadamente concretadas de forma isolada, não devem ser permitidas.

O lançamento do concreto deve ser feito em faixas onde um longo pano é concretado e, posteriormente, as placas são cortadas, formando as juntas serradas, que podem ser apenas transversais ou também longitudinais, quando se emprega equipamento do tipo Laser Screed, ou réguas vibratórias de dimensões elevadas, o que permite a concretagem simultânea de grandes áreas. Concretagens em xadrez, onde as placas são alternadamente concretadas de forma isolada, não devem ser permitidas.
Figura 7 – Lançamento do concreto com equipamento do tipo Laser Screed.

As grandes áreas dos pisos aliadas às suas baixas espessuras sugerem que o adensamento do concreto deva ser feito com o emprego de réguas vibratórias. Essa operação é facilitada pela própria natureza do piso, que é desprovida de elementos complicadores, como taxas elevadas de armação ou locais pouco acessíveis. Como conseqüência, há raros exemplos de falhas em virtude do adensamento, que passa a ser mais importante como elemento preliminar aos trabalhos de acabamento.

Sem sombra de dúvida, a superfície do piso é onde se analisa, muitas vezes de forma subjetiva e imediata, a qualidade da obra, uma vez que o aspecto final será sempre visível para os usuários, sendo a principal fonte de medida do seu desempenho, pois é ela que estará em contato com todas as ações solicitantes.

O desempeno mecânico do concreto [floating), é executado com a finalidade de embeber as partículas dos agregados na pasta de cimento, remover protuberâncias e vales e promover o adensamento superficial do concreto.


Figura 8 – Equipamento utilizado para o acabamento superficial.

O alisamento superficial ou desempeno fino (troweling) é executado após o desempeno, para produzir uma superfície densa, lisa e dura. Normalmente, são necessárias duas ou mais operações para garantir o resultado final, que darão tempo para que o concreto possa gradativamente enrijecer.

Para o tratamento superficial, são encontrados comercialmente em formulações distintas, os endurecedores superficiais geram um grande campo de aplicações e soluções na especificação do piso de concreto. Podendo ser encontrado na forma líquida (silicatos) ou sólida (agregados minerais ou metálicos), podem ser aplicados durante a execução (aspersão de sólidos) ou no concreto já endurecido (líquida) obedecendo às recomendações de cada fabricante.

Corte nas juntas: Convencionalmente, no Brasil emprega-se o sistema de corte úmido, que permite o corte em profundidades elevadas, até 30 cm, mais do que é normalmente requerido em projeto, que é de um terço da espessura da placa para o concreto reforçado com fibras de aço.

Execução de protensão: Para posicionamento dos cabos, recomenda-se que sejam seguidas as recomendações constantes na publicação Manual para a Boa Execução de Estruturas Protendidas Usando Cordoalhas Engraxadas e Plastificadas (Cauduro, s/d), onde estão disponíveis informações bastante úteis, como armaduras mínimas de fretagem, desvios angulares dos cabos, procedimentos para aberturas etc.


3.5.3 ENSAIO DE TENACIDADE

O ensaio de tenacidade (JSCE, 1984; ASTM, 2006) é executado em corpos de prova prismáticos, com seção quadrada de lado o e comprimento entre apoios igual a 3a. O carregamento é feito por meio de dois pontos de carga, distantes entre si de o, de modo que reproduz um diagrama de momentos fletores constante no terço médio do corpo de prova.
Figura 9 – Ensaio de tenacidade.

O ensaio, ainda pouco conhecido no Brasil, é conduzido de acordo com a norma japonesa SF4 (JSCE, 1984), pioneira nesse tipo de medição, ou pela norma americana ASTM 1609 (ASTM, 2C06). Ambas são teoricamente equivalentes e consistem na execução do carregamento controlado com medição da deflexão no centro da barra prismática, para que se obtenha a curva.

Figura 10 – Gráfico da deformação no ensaio de tenacidade.


4 CONCLUSÃO

A complexidade que envolve a execução de pisos industriais de alta resistência de concreto merece uma atenção tal qual uma construção convencional. Envolve não apenas o ato da concretagem, mas antes de um preparo adequado do solo e posteriormente, de um controle tecnológico mais precisamente avaliado através do ensaio de tenacidade.
Fica como observação final um estudo aprofundado de cada componente dos elementos que compõe o piso industrial de forma geral; uma análise sincera dos solos, um estudo completo do concreto a ser utilizado, ciência sobre a técnica ideal para as solicitações previstas e um controle, não apenas durante mas posterior dos materiais e técnicas empregadas.

BIBLIOGRAFIA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 12042: determinação do desgaste por abrasão. Rio de Janeiro, 1992.
CHODOUNSKY, M. A., VIECILI, F. A. Pisos Industriais de Concreto – Aspectos teóricos e executivos. São Paulo, Reggenza, 2007.
Cristelli, R. Pavimentos industriais de concreto – Análise do sistema construtivo. Belo Horizonte, MG. UFMG, 2010.
MC – Bauchemie. Catálogos técnicos de produtos 2012-2013. São Paulo, 2012.
Mehta, P. Kumar & Monteiro, J. M. Concreto – Microestrutura, Propriedade e Materiais. São Paulo: IBRACON 2008, 674p.
Pessi, E., Rohde, M., Fernandes, R., Influência da aspersão de agregado mineral na resistência à abrasão em piso de concreto. Curitiba, PR. UTP, 2008.
Rodrigues, P. P. F., Manual de Pisos Industriais – Fibras de Aço e Concreto Protendido. São Paulo. PINI, 2010.
VIECILI, F.A., Influência dos endurecedores superficiais cimentíceos na resistência à
abrasão de pisos industriais de concreto. Porto Alegre, RS. EE/UFRGS, 2004.






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Sobre Paulo Matheus

Esposo da Daniele, pai da Sophia, engenheiro, gremista e cristão. Seja bem vindo ao blog, comente e contribua!

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