Tudo
começou quando Anthony duvidou de sua própria existência. Ele
suspeitou, num dia de descanso, que suas obrigações tinham um
motivo para além daquilo que necessitava. Quando percebeu que devia
se decidir por algo na vida, olhou os exemplos a sua volta: ou podia
se dedicar a algo e ser bem-sucedido, ou depender do acaso e buscar
satisfação em sua própria destruição. Os extremos eram
insuficientes. Não conseguia se encaixar nem mesmo no meio das
opções. Os caminhos, de uma forma ou de outra, tinham uma finitude
que tornavam a sua existência subjetiva.
Então,
foi ai que decidiu viajar. Não para um lugar específico. O único
planejamento era ir para onde não pudesse ver mais outra pessoa.
Somente a si e tudo o que outros não tivessem interferido. Fez isso,
primeiramente em pensamentos. Só que o mundo dos seus não o deixava
em paz.
Logo,
seu primeiro passo foi fugir das pessoas e obrigações. Ir para onde
pudesse caminhar sem avisar ou pedir a permissão de alguém.
Simplesmente impossível em seu mundo. Foi mesmo assim.
A
primeira coisa que percebeu é que a solidão não lhe fazia bem.
Todavia tentou, ao seu modo, esquecer de que ele existia para não
precisar sentir isso. Percebeu que estava errado, já que um
sentimento diferente anulava o outro, de modo que sentiria sempre
algo ao tentar não sentir coisa alguma.
Em
uma colina, respirando um ar talvez mais puro, fez uma anotação:
"Se preciso de algum sentimento todo o tempo, então isso me
torna um ser dependente". Sabia agora que não podia se livrar
dos sentimentos. Eles faziam parte de quem ele era, ainda que não
soubesse bem o resto.
Ele
sorriu. Achava que estava no caminho certo para descobrir se ele era
realmente o que os outros enxergavam. Ou apenas uma ideia. Mas era
apenas o primeiro dia. Ele dormiu ainda sem certeza de que acordaria.
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