Primeiramente,
o cristão precisa saber que se preocupar com a política é de tal
importância como se preocupar com o que ele precisa comer ou vestir.
Frases como "os políticos são todos corruptos" ou "meu
voto não vai mudar em nada" deveriam ser abolidas tanto quanto
"minha oração não vale nada" ou "os ateus são
todos iguais".
Não
posso afirmar que, instantaneamente ao voto consciente, tudo ficará
melhor. Isso é uma ilusão, já que, por mais bem intencionado que
seja o político cristão, ele sozinho não fará nada se o seus
colegas de partido ou os outros representantes não tiverem uma pauta
importante. Logo, acredito que seja necessário um ponto mais
importante do que apenas um simples voto: a educação.
Este
segundo ponto é, sem dúvida, o mais complicado. Muitos cristãos
fogem até mesmo da teologia "como o diabo foge da cruz",
imagina então a educação básica. O primeiro passo é de que
tenhamos em mente que igrejas físicas majestosas e bem cuidadas não
nos deixarão mais perto de Deus (obviamente que não podemos
congregar em uma espelunca). Entretanto, se a igreja não tiver uma
função de escola, ela estará pregando uma espécie de "evangelho
espiritual", que esquece que somos feito de carne ainda. Se
tomarmos os dados da quantidade de tempo empregado em atividades que
não contribuam para a formação de uma escola dentro da igreja
podemos ter uma noção de que poderíamos ter muitas escolas cristãs
evangélicas, tanto quanto católicas, que neste aspecto desempenham
essa função de forma mais eficaz.
Não
deve ser fácil abrir uma escola, ainda com as exigências
financeiras inerentes. É um trabalho de anos, mas que um dia deve
ser iniciado. O futuro dirá se essa não terá sido a melhor
escolha, haja vista que hoje, principalmente no meio protestante e
pentecostal, estamos longe de manter os cristãos alinhados
intelectualmente não apenas com as necessidades próprias, mas com
as que o mundo anseia. Todos precisam de educação, sejam ateus ou
teístas, e as decisões de como as escolas públicas devem ser são
puramente políticas. Logo, se nada fizermos para que nossos filhos
cresçam em sabedoria e verdade, outros cuidarão disso sem qualquer
valor moral. Se Cristo disse que "das crianças são o Reino dos
Céus" (Mateus 19.13-15), no sentido em que elas aceitam mais
facilmente a admoestação, não seria plausível que possamos
desempenhar esta função em vez de entregar para o Estado? E se, em
alguns anos, o governo entregar a educação para a iniciativa
privada?
Sem
dúvida, esse cenário não deve passar pelo pensamento do cristão,
já que em duas frentes a possibilidade disto acontecer é longínqua;
alguns, de forma atrasada, pensam ainda que o Brasil possa virar uma
teocracia, de modo que as escolas públicas professem a fé cristã.
Ou seja: não é necessário que as escolas públicas deixem de
existir, já que no futuro elas poderão ser planificadas pelo ensino
cristão. Um ponto de vista errado, ao meu ver, além de improvável.
No outro extremo, o fim da escola pública faria com que muitos
cristãos protestantes matriculassem seus filhos em colégios
católicos, visto que as demais escolas tenderiam a não compartilhar
os valores cristãos (ainda que em escolas públicas brasileiras, que
deveriam ser laicas politica e religiosamente, tendem a relativizar
conceitos morais).
Falo
aqui, portanto, aos cristãos pentecostais, que representam, segundo
o longínquo Censo de 2000, 10,37% da população (ou seja,
possivelmente maior atualmente): quando a educação será a
prioridade? A politização é essencial, mas ela só será efetiva
quando as suas bases estiverem bem definidas. Tendo isso como meta,
possivelmente poderemos esperar melhores resultados.
Mas
isso vale a pena?
0 Comentário:
Postar um comentário