
Eu não sei exatamente quem disse tal frase, mas pensando sobre isso hoje em dia, me vejo analisando a simplicidade com muito mais cuidado do que outrora tinha e com quase atenção suficiente que ela merece. Parece um desejo natural nosso tentar fugir da simplicidade como se ela fosse algo terrível. Talvez seja terrível mesmo o sentimento que ela produz de que não somos indivíduos únicos e que a complexidade nos faz superiores aos outros indivíduos que, teoricamente, são simples demais para dedicarmos nossa atenção. Mas a simplicidade não procede de um reducionismo onde a busca pelo melhor é substituída por ornamentos preguiçosos. A simplicidade não deleta propriedades intrínsecas do indivíduo e se compõe pela ausência de criatividade.
Estou me referindo aqui da simplicidade de uma pessoa e seus atos, sua linguagem, honestidade. Não de estruturas fundamentais do Universo. Não devemos confundir aqui o ser simples com o ser simplista. O simplista é na verdade aquele que tenta reduzir o irredutível, tentando dar soluções demasiadas breves para problemas milenares! É como tentar resolver um problema psicológico tal como borderline, ou ainda uma correlação EPR, com uma regra de 3: não vai dar certo e ainda quase ninguém será convencido. Explicar é rastrear as causas.
Um dos mais importantes conceitos de simplicidade é a famosa Navalha de Ockham, que diz que "as pluralidades não devem ser multiplicadas sem necessidade". É um tanto fácil perceber a razão pela qual este princípio é fundamental tanto no método científico quanto no cotidiano. Uma fórmula simples sobre alguma teoria qualquer deve ser preferida àquela formulação extremamente complexa e que diz a mesma coisa. Isso acontece por que as condições de verificabilidade são evidenciadas na formulação mais simples; o que não ocorre na mais complexa, ainda que diga a mesma coisa. A probabilidade de engano no instante da verificação é menor quando se trata de algo mais simples. Um problema que ocorre é que nem sempre é tão fácil de produzir simplicidade enquanto se está tratando de temas complexos. No cotidiano, isso também é verdadeiro. Imagine, por exemplo, que alguém tente lhe dar algum golpe, apresentando alguma possibilidade de benefício muito grande pela troca de algum outro produto ou serviço a ser trocado. Deve-se querer saber o que se trata antes de tomar decisão e, se não está simples o suficiente, alguém acaba sendo persuadido ou decide que tudo deve ser melhor esclarecido.
Há necessidade, acima de tudo, de pessoas simples. Que não ficam se emaranhando em coisas vãs e improdutivas o tempo todo. Pessoas que não ficam, como o personagem Sherlock Holmes sugere, no livro "Um estudo em escarlate", poluindo constantemente suas mentes para coisas desnecessárias. São pessoas assim que tornam a vida mais agradável, textos mais acessíveis, teorias mais verificáveis, problemas mais solucionáveis, e assim por diante.
Por: Alisson Henrique de Souza
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