Sob o título anterior, algo foi dito sobre as chaves, isto é, sobre os ofícios, através dos quais a Igreja e o povo de Deus são governados espiritualmente. Conhecer os ofícios, ou seja, o ofício divino de pregar, administrar sacramentos e punir com a proibição, é entender o que é a Igreja; é a companhia reunida na qual tais ofícios divinos são exercidos corretamente.
Como os hipócritas que perseguem a Palavra de Deus muitas vezes se enfeitam com a palavra "igreja", desejo dar uma declaração cristã curta e clara a respeito.
Primeiro, é sabido e óbvio que, nas Escrituras divinas, a igreja costumava indicar apenas os santos, ou seja, aqueles que agradam a Deus, que geralmente são chamados "membros vivos da cabeça e Salvador, Cristo", que também têm sinais externos para distingui-los de outras pessoas, como o verdadeiro evangelho, o uso correto dos sacramentos, a confissão da verdadeira doutrina e a invocação de Deus com confiança em Cristo. Junto com esses, há testemunhos de que Deus os aceitou, que Ele governa e manifesta seu poder através deles, como sempre deu testemunho de si mesmo ao seu povo com grandes feitos de admiração, como no caso de Moisés, Samuel, Elias, Eliseu. Daniel, Pedro, Paulo e outros.
Assim, Efésios 1: 22 fala sobre a Igreja, isto é, sobre a companhia reunida daqueles que agradam a Deus, excluídos dos ímpios: "E ele fez dele a cabeça sobre todas as coisas para a igreja, que é seu corpo, a plenitude daquele que preenche tudo em todos". De acordo com Efésios 5: 27, "A igreja não tem mancha nem rugas...". E 1 Timóteo 3: 15 diz: "A igreja do Deus vivo, o pilar e baluarte da verdade...". Certamente tal promessa de que a verdade é e deve permanecer na Igreja pertence apenas àqueles que agradam a Deus e não aos ímpios.
Assim fala o Credo dos Apóstolos, sobre a Igreja: "Creio na igreja universal e santa, na comunhão dos santos". E este artigo é colocado no Credo com uma boa razão, pois nos lembra, ao contemplarmos o mundo, no qual a maior parte é sem Deus, e no qual os sem Deus têm a maior posição e poder, que não devemos nos desesperar nem pensar que Deus esqueceu completamente a raça humana e terminou sua Igreja, ou que ninguém precisa invocar Deus ou ter esperança em sua graça que é prometida à Igreja.
Este artigo no Credo nos conforta contra essa tentação, atestando que Deus sempre terá um povo, e sempre manterá o que prometeu à Igreja. Quem ora e busca o perdão dos pecados na fé em Cristo e segue o evangelho é um membro deste povo, em todo tempo e em qualquer lugar. Ali está a palavra catholica, "Igreja universal", como um lembrete de que o povo de Deus está vinculado apenas ao evangelho que a Igreja universal confessa, não aos preceitos dos homens, a Roma ou Antioquia.
Acima de tudo, a igreja significa "povo de Deus", aqueles que confessam o santo evangelho e o seguem, que usam corretamente os sacramentos, aqueles que nasceram de novo através do Espírito Santo. João 1: 13 diz: "Os nascidos de Deus...".
Como os oponentes clamam que estamos falando de uma igreja invisível e buscando um subterfúgio, quero dizer algo sobre a igreja visível.
A igreja visível é uma companhia reunida de homens que confessam e obedecem ao evangelho, que renasceram pelo Espírito Santo. Os hipócritas se misturam a tal grupo reunido e são incluídos na confissão da verdadeira doutrina com os santos, se eles mantiverem e confessarem a doutrina.
Portanto, a igreja visível estava no tempo de Zacarias, Maria, Simeão, Ana, José, Isabel, os pastores e quem estava em confissão com eles. No entanto, com eles estava misturado um grande exército de sacerdotes ímpios e outros que também estavam no cargo de pregação e no governo.
Notas:
[1] - Temístocles (524 a.C.-459 a.C.), Aristides de Atenas (535 a.C.-468 a.C.) - N.T.
Primeiro, é sabido e óbvio que, nas Escrituras divinas, a igreja costumava indicar apenas os santos, ou seja, aqueles que agradam a Deus, que geralmente são chamados "membros vivos da cabeça e Salvador, Cristo", que também têm sinais externos para distingui-los de outras pessoas, como o verdadeiro evangelho, o uso correto dos sacramentos, a confissão da verdadeira doutrina e a invocação de Deus com confiança em Cristo. Junto com esses, há testemunhos de que Deus os aceitou, que Ele governa e manifesta seu poder através deles, como sempre deu testemunho de si mesmo ao seu povo com grandes feitos de admiração, como no caso de Moisés, Samuel, Elias, Eliseu. Daniel, Pedro, Paulo e outros.
Assim, Efésios 1: 22 fala sobre a Igreja, isto é, sobre a companhia reunida daqueles que agradam a Deus, excluídos dos ímpios: "E ele fez dele a cabeça sobre todas as coisas para a igreja, que é seu corpo, a plenitude daquele que preenche tudo em todos". De acordo com Efésios 5: 27, "A igreja não tem mancha nem rugas...". E 1 Timóteo 3: 15 diz: "A igreja do Deus vivo, o pilar e baluarte da verdade...". Certamente tal promessa de que a verdade é e deve permanecer na Igreja pertence apenas àqueles que agradam a Deus e não aos ímpios.
Assim fala o Credo dos Apóstolos, sobre a Igreja: "Creio na igreja universal e santa, na comunhão dos santos". E este artigo é colocado no Credo com uma boa razão, pois nos lembra, ao contemplarmos o mundo, no qual a maior parte é sem Deus, e no qual os sem Deus têm a maior posição e poder, que não devemos nos desesperar nem pensar que Deus esqueceu completamente a raça humana e terminou sua Igreja, ou que ninguém precisa invocar Deus ou ter esperança em sua graça que é prometida à Igreja.
Este artigo no Credo nos conforta contra essa tentação, atestando que Deus sempre terá um povo, e sempre manterá o que prometeu à Igreja. Quem ora e busca o perdão dos pecados na fé em Cristo e segue o evangelho é um membro deste povo, em todo tempo e em qualquer lugar. Ali está a palavra catholica, "Igreja universal", como um lembrete de que o povo de Deus está vinculado apenas ao evangelho que a Igreja universal confessa, não aos preceitos dos homens, a Roma ou Antioquia.
Acima de tudo, a igreja significa "povo de Deus", aqueles que confessam o santo evangelho e o seguem, que usam corretamente os sacramentos, aqueles que nasceram de novo através do Espírito Santo. João 1: 13 diz: "Os nascidos de Deus...".
Como os oponentes clamam que estamos falando de uma igreja invisível e buscando um subterfúgio, quero dizer algo sobre a igreja visível.
A igreja visível é uma companhia reunida de homens que confessam e obedecem ao evangelho, que renasceram pelo Espírito Santo. Os hipócritas se misturam a tal grupo reunido e são incluídos na confissão da verdadeira doutrina com os santos, se eles mantiverem e confessarem a doutrina.
Portanto, a igreja visível estava no tempo de Zacarias, Maria, Simeão, Ana, José, Isabel, os pastores e quem estava em confissão com eles. No entanto, com eles estava misturado um grande exército de sacerdotes ímpios e outros que também estavam no cargo de pregação e no governo.
A igreja estava no tempo de Eli, Elias e Eliseu; no entanto, um grande número de pessoas ímpias estava misturado a eles.
Existem, entretanto, dois tipos de pessoas ímpias. Alguns confessam a verdadeira doutrina, embora não temam a Deus, e continuam pecando contra sua consciência. Em Corinto, os discípulos de São Paulo, embora fossem de uma só confissão, não eram todos santos e nem todos permaneceram no novo nascimento.
Esses são chamados de membros mortos da Igreja; eles são admitidos aos ofícios da igreja e ao uso dos sacramentos se não continuarem em desgraça e mal declarados, pelos quais devem ser punidos com a excomunhão e proibição. Por tudo isso, enquanto eles permanecem no cargo, o ofício e a palavra divina ainda são válidos, e os santos podem usar seu serviço, pregação e sacramentos. Isso deve ser lembrado, para que possamos rejeitar o erro dos donatistas, que causaram grande dissensão e assassinato pela falsa pretensão e afirmação de que a verdadeira pregação e o sacramento são nulos se os servos que pregam ou administram os sacramentos não são santos. Os donatistas afirmavam que cada indivíduo deve se separar e evitar tais pastores.
Mas que essa opinião dos donatistas está errada fica inteiramente claro nas seguintes passagens. Em Mateus 13, Cristo compara a Igreja a uma rede de pesca na qual existem peixes bons e maus. Ele também diz que haverá joio na Igreja até a ressurreição dos mortos. Antes do fim do mundo, a Igreja será como no tempo de Noé.
Essas passagens indicam claramente que muitas pessoas ímpias estão e estarão na Igreja até a ressurreição dos mortos. Se nossa fé dependesse do mérito de pessoas, ficaríamos muito incertos, pois Cristo diz: "Haverá na igreja servos santos e impuros" (c f. Mateus 13: 24-30, 36-40). Como os olhos humanos não vêem o coração de outra pessoa, não podemos distinguir os hipócritas dos santos, e sempre duvidaríamos se teríamos obtido o que é prometido pelo evangelho e os sacramentos se o evangelho e os sacramentos fossem vazios e ineficazes no serviço aos hipócritas.
Devemos considerar a promessa eterna e imutável de Deus como fixa e eficaz, seja ela proferida por São Paulo ou Demas. Portanto, Cristo nos dirige dos sacramentos a si mesmo, "Quem te ouve, me ouve!". É como se ele tivesse dito: "Não é a sua palavra e não depende do seu mérito; é um mandamento divino eterno, pelo qual desejo ser eficaz". Portanto, é necessário, como muitas vezes se diz, que esses servos da palavra de Deus não preguem suas próprias mentiras inventadas.
Agostinho, que escreveu correta e proveitosamente contra os donatistas, também nos diz que o louvável imperador Constantino mandou examinar a disputa duas vezes e, por fim, ele mesmo a ouviu e emitiu uma proibição cristã contra o erro. Tal é encontrado na Epístola 166, na qual Agostinho também argumenta que nossa fé seria inteiramente incerta se a palavra de Deus fosse vazia e ineficaz no serviço aos hipócritas. Esta frase de Cristo é citada, “Os escribas e fariseus sentam-se no trono de Moisés” (Mateus 23: 21), em que Cristo nos lembra que se hipócritas estão no serviço, mesmo assim o serviço não é nulo se eles pregam a palavra ordenada e não estabelecem seu próprio trono e sua própria doutrina. Isso basta para confortar a consciência contra o erro donatista.
Sendo a fraqueza humana o que é, os defeitos nos costumes dificilmente podem ser evitados. Os pastores são pais de família; eles são pobres e duramente pressionados, e às vezes tornam-se impacientes e são usados de forma indelicada por seus inimigos entre o povo. Alguns outros são levianos e desejam mais reuniões sociais do que seria conveniente.
Se tais pessoas ensinam correta e verdadeiramente, devemos ter muita paciência com elas, pois os verdadeiros professores carregam um grande fardo. Isso é descrito na história de Noé, quando o ladino Cam trouxe a desgraça sobre seu pai, que estava meramente deitado lá (cf. Gênesis 9: 20-27).
O Senhor Cristo lavou os pés dos discípulos e ordenou que fizéssemos o mesmo, o que significa que devemos ser leais e amigos uns com os outros. Lavamos os pés uns dos outros, enquanto suportamos aquele que quebra o costume moral, enquanto acalmamos, expiamos e com diligência compensamos tanto quanto possível. Raramente há dois que compartilham um ofício de igual capacidade, e por isso um deve ser paciente com o outro, oferecendo a mão para que a paz prevaleça e algo seja realizado.
Jônatas apoiou seu pai Saul e o melhorou tanto quanto possível. Exemplos disso são freqüentemente descritos no governo mundano. Temístocles manifestou em relação a Aristides [1] muita hostilidade; no entanto, quando surgiu a necessidade e deviam estar juntos no governo, Aristides não manifestou rancor, mas ajudou diligentemente na obra e soube ceder a Temístocles.
Deus exige particularmente que tratemos seu evangelho com consideração e, portanto, honremos os servos que pregam corretamente, como honraríamos nosso pai e nossa mãe. Por isso, é errado, por causa de um pequeno defeito de costume, causar polêmica na Igreja.
No entanto, se os pastores das almas têm defeitos óbvios, como falta de disciplina e adultério, se eles praticam violência gratuita e alojam pessoas desonrosas, então a autoridade cristã é obrigada a puni-los como faz com outros assuntos, pois Deus ordenou a autoridade para usar castigo físico. A Igreja, isto é, os membros mais importantes, deve admoestar tal pessoa vexatória de uma maneira ordeira e, se não houver melhora, deve puni-la com excomunhão. Isso deve ser feito. Quando isso não é feito, entretanto, a palavra de Deus e os sacramentos permanecem válidos, mesmo quando administrados por tais servos.
Até agora eu falei sobre a igreja visível na qual a doutrina do evangelho é pura e o uso correto dos sacramentos é mantido sem idolatria aberta. Embora muitos hipócritas ou ímpios estejam agora nesta companhia visível e façam a mesma confissão, onde há verdadeira doutrina, alguns santos e herdeiros da vida eterna que verdadeiramente reconhecem e invocam a Deus também devem estar presentes. No tempo de Abraão, ou dos apóstolos, embora seus ouvintes não fossem todos santos, havia, no entanto, alguns que confessavam a verdadeira doutrina, sempre alguns filhos de Deus.
Isso deve ser observado com muito cuidado, pois é um grande conforto saber onde buscar o povo de Deus e onde sempre há alguns filhos de Deus. O Credo dos Apóstolos mostra claramente que é assim: "Eu acredito em uma santa Igreja universal, a comunhão dos santos". Este artigo indica que há e sempre haverá alguns santos e herdeiros da vida eterna.
E estes não devem ser buscados sob os títulos de papa ou bispo, mas onde o evangelho é verdadeiramente reconhecido e ensinado, seja em igrejas ou escolas, cidade ou vila. Os perseguidores do evangelho não são a Igreja; eles são chamados de pagãos, judeus, turcos, tiranos, papas ou bispos. Esta palavra de Cristo deve durar: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz" (João 10: 16). Portanto, a Igreja, ou o verdadeiro povo de Deus, está preso ao evangelho. Onde o evangelho é verdadeiramente reconhecido, existem alguns que são santos.
Como também esta belíssima passagem em Isaías 59: 21 diz: "Esta é a minha aliança com eles, diz o Senhor: o meu espírito que está sobre ti, e as minhas palavras que coloquei na tua boca, não sairão da tua boca, ou pela boca de seus filhos, ou pela boca dos filhos de seus filhos, diz o Senhor, desde agora e para sempre”. Esta passagem reconfortante ensina não apenas que sempre haverá uma verdadeira Igreja e povo de Deus, mas também mostra onde e como ela será, ou seja, onde a correta e verdadeira doutrina do evangelho ressoa.
Perto da igreja visível estão outras pessoas que não têm Deus, que ensinam falsamente, perseguem as verdadeiras pessoas do evangelho ou são defensores de doutrinas falsas. Como na época de Jeremias ou de Judas Macabeu, ou de Cristo, os sumos sacerdotes, os levitas e a principal e maior parte do povo judeu eram contra a doutrina divina e perseguiram os profetas, Cristo e os apóstolos.
Este grupo, embora possa controlar o governo e manter algumas cerimônias, não é a Igreja verdadeira e não faz parte da Igreja visível. Deve ser considerado um inimigo e banido, e as pessoas são obrigadas a separar-se dele e evitar sua doutrina e idolatria falsas.
Portanto, é necessário fazer uma distinção entre as pessoas más, que ainda assim permanecem na verdadeira confissão, e os outros enxames de Caifás que perseguem a verdadeira doutrina. Devemos evitar e abandonar esse enxame de Caifás. Quando os bispos da Ásia seguiram o veneno e o erro de Ario, o povo foi obrigado a se separar deles.
E agora, se Papa, bispos e outros altos prelados perseguem a verdadeira doutrina cristã e continuam a assassinar cristãos devotos, não diferente de Caifás, Nero, Maxêncio e outros fizeram, devemos seguramente abandoná-los como exilados e não mais considerá-los como membros da Igreja; e ninguém deve participar dos erros que retêm na missa, na adoração dos santos e em várias idolatrias ao usar os sacramentos. Mas até mesmo o batismo deve ser recebido deles nos lugares onde mantêm seu cargo e poder. Porém, como no tempo de Caifás, quando a circuncisão por seu grupo ímpio persistiu (e carregou) a promessa divina que serviu para a salvação dos filhos, ele (o batismo) não deve ser recebido como um servo, mas como uma obra de Deus.
Em Israel, os sacerdotes e levitas eram frequentemente perseguidores; não obstante, os profetas e seus ouvintes, que eram a Igreja verdadeira, foram circuncidados pelos sacerdotes e trouxeram suas ofertas ao templo. São Paulo também diz que o Anticristo deve governar na Igreja, ou seja, o Papa e os bispos.
No entanto, comandos claros mostram que o povo é obrigado a abandonar o maldito. Gálatas 1: 8: “Se alguém vos anuncia evangelho contrário ao que recebestes, seja anátema”. Mateus 7: 15: "Cuidado com os falsos profetas!". 1 Coríntios 10: 14: "Evite a idolatria". Mateus 10: 33: “Qualquer que me negar diante dos homens, eu também o negarei diante de meu Pai que está nos céus”.
Isso é suficiente para nos lembrar que devemos abandonar os perseguidores da verdade e da doutrina cristã e não ajudá-los a fortalecer sua idolatria e tirania.
Se o Papa, os bispos e seus partidários insistem que são a Igreja e os governantes do povo de Deus, e que somos obrigados a apoiá-los e a ser obedientes; se eles se gabam de que não podem errar, esses falsos discursos inventados podem ser facilmente anulados com as informações que dei. É impossível que o povo de Deus seja aquele que condena abertamente tantos artigos da doutrina cristã e injustamente mata pessoas para validar sua idolatria. Por ser tão óbvio, segue-se que não se deve fortalecê-los, mas abandoná-los. Se eles dizem, no entanto, que não podem errar, então deixe a palavra de Deus e a Igreja primitiva ser o padrão; logo, todo e qualquer homem temente a Deus pode facilmente descobrir que está errado.
Se eles também afirmam que a Igreja está ligada aos bispos titulados, e que todos eles não podem errar, isso também é falso, pois a Igreja está ligada à palavra de Deus, e não ao Papa ou aos bispos; e Deus sempre manteve uma centelha em alguns. Sempre houve alguns que mantiveram o fundamento, como diz São Paulo (cf. 1 Coríntios 3, 10 e seguintes), isto é, os artigos de fé, e que não aprovaram, mas repreenderam a idolatria aberta. E embora essas pessoas não tenham estado no governo como bispos ou prelados, em algum lugar houve tais pregadores ou professores ou pais de família.
Sobre as Marcas da Igreja
A Igreja realmente verdadeira, o povo de Deus, que chamamos de igreja visível, tem as marcas externas de uma doutrina pura do evangelho e do uso correto dos sacramentos. Junto com isso, algumas pessoas também dão evidências do Espírito Santo, com virtudes e obras especiais de admiração por meio das quais o nome de Cristo é glorificado. Embora algumas das mesmas coisas aconteçam entre os pagãos, elas não têm o objetivo de glorificar o nome do Salvador, a quem Deus enviou a nós, Jesus Cristo.
Alguns criam ainda mais sinais, como obediência aos bispos e uniformidade nos preceitos dos homens. Já disse muitas vezes até que ponto somos obrigados a obedecer aos pastores de almas, e mais tarde farei um relato sobre os preceitos dos homens, a partir do qual será fácil compreender que a uniformidade nas cerimônias, se estabelecida sem comando divino, é não é necessário, como Agostinho escreveu a Irineu.
E isso fica claro em muitas frases em São Paulo, Romanos 14: 17, "O reino de Deus não significa comida e bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo; aquele que assim serve a Cristo é aceitável a Deus e aprovado por homens". Sobre isso, haverá mais no tópico sobre os preceitos dos homens.
Sobre o Dom da Interpretação na Igreja
Já disse muitas vezes que é muito prejudicial retratar a Igreja de Deus como um reino mundano. No governo mundano, a autoridade máxima tem o poder de interpretar as leis, de suavizar e aguçar. E os súditos são obrigados a receber as interpretações, pois é a opinião da verdadeira autoridade à qual Deus deu o poder de decidir e comandar. Porém, na Igreja a interpretação da Escritura não é um poder; e isso não significa que, uma vez que os bispos interpretaram algo, sua autoridade nos impele a mantê-lo. A interpretação é um dom do Espírito Santo, não se limitando aos bispos ou àqueles de qualquer outra categoria especial. E esta rudeza de São Paulo é verdadeira: "O homem natural não entende o que o Espírito de Deus faz". Há verdadeira compreensão quando o Espírito Santo derrama sua luz no coração. João 6: 45: "Todos vocês serão ensinados por Deus".
Como é óbvio que muitos bispos são ateus, não podemos dizer positivamente que suas posições os impedem de errar. É possível que os santos caiam em erro; a igreja da Galácia afastou-se da doutrina de São Paulo.
Há uma grande diferença entre os dois: interpretação por poder e interpretação por dom. Um rei tem poder para interpretar sua lei, mas Santo Estêvão tinha o dom de interpretar os profetas. Essas coisas devem ser distinguidas, e o poder papal e episcopal não deve ser embelezado com pretextos.
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Por: Philipp Melanchthon
Extraído de: Loci Praecipui Theologici
Ano: 1559
Extraído de: Loci Praecipui Theologici
Ano: 1559
[1] - Temístocles (524 a.C.-459 a.C.), Aristides de Atenas (535 a.C.-468 a.C.) - N.T.
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