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Generalizar ou propor?



2017. Vejo já desde algum tempo um movimento que chama a atenção: inúmeros filósofos estão entre os nossos gurus atuais. Há pouco tempo atrás eram empresários de sucesso os nossos conselheiros. Antes ainda, apresentadores de TV. O que me chama mais a atenção é que, nessa minha pouca experiência, vejo que todos eles estão falando a mesma coisa, sobre o contemporâneo em que vivem e da forma mais abstrata possível. Isso seduz. Até mesmo eu. Não que isso seja bom.
Vejamos assim: o ditador em exercício quer banir a internet do país. Eu poderia dizer: “isso é um ultraje!”, mas como seria uma afronta direta e isso soa um tanto radical agora, eu corrijo: “acabar com um direito conquistado é atacar nossa consciência e liberdade”. Ainda assim, não cheguei perto dos gurus. O papo gira em torno de criar um contexto onde os atores e coadjuvantes se misturam em suas responsabilidades, criando um mundo totalmente à parte, sem relação com o mundo real. E convenhamos: ter nosso país como parâmetro de qualquer coisa desanima quando paramos para ler algo que deveria ser “relaxante”. Poucos gostam de encarar a realidade e ler que o político A se aliou com seu inimigo B para roubar de C, ainda que A, B e C sejam amigos nos bastidores.
Daí surge esses gurus. Eles debatem sobre temas anfibológicos, dão dicas preciosas de como pegar um atalho para retornar ao ponto de partida. O que eles querem com isso?
Para mim, incentivar a generalização. Os homens maus são maus e, vejam bem, os bons são bons. O que fazer quando maus superam os bons? Não seja corrupto, ande na linha, devolva o troco excedente, não fure a fila, etc. Às vezes me sinto sozinho pensando: “se esses gurus conseguem encher teatros e movimentar a opinião, qual o motivo de não citarem A, B ou C em seus discursos?”. Por conta disso, alguns são chamados de coxinhas ou petralhas (que também pretendo explanar sobre o que é ser essas coisas). Quando mais generalizam, menos se posicionam. Quanto menos eu souber para que lado eles torcem, mas torcedores eles mesmo terão. Isso é sedutor. “Eu apenas analiso, de forma abstrata”.
Então, vou generalizar também.
Não entendam esses gurus como vilões. Podemos compará-los com o trabalho informal: não pagam impostos, por questões financeiras e morais. Podemos compará-los com letristas de músicas chicletes: quanto menos letras e sentido, melhor. Ou podemos recorrer à autocrítica: “De onde viemos? Para onde vamos?”. Não acho errado mostrar a rosa dos ventos. Entretanto, a grande massa precisa apenas saber a direção.
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Sobre Paulo Matheus

Esposo da Daniele, pai da Sophia, engenheiro, gremista e cristão. Seja bem vindo ao blog, comente e contribua!

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