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A volta do populismo



A falta de representatividade política que o país vive pode estar afetando algumas decisões. O receio de que alguma medida aplicada inspire protestos está evidente. A impressão que temos é que o debate político se estendeu amplamente entre as pessoas comuns, o que é extraordinário, mas perdeu a objetividade, o que apenas contribui com a lenta e burocrática política conhecida. Avançamos no que não precisa e atrasamos o imprescindível.
Sartori parece governar sob esta lógica. Quando estendemos que o Estado deve ser mínimo, que se deve revisar e enxugar gastos, ele vai além. Extingue instituições de pesquisa, com faturamento em muitas delas. O detrimento financeiro que se alega sanar é pífio comparado com o prejuízo científico iminente. Apesar de que a premissa seja a conjuntura financeira herdada da última gestão somada à crise nacional, as medidas tomadas parecem uma resposta a cobranças de atitudes que freiem a máquina pública. É claro que não se pode defender um gestor que honrou compromissos salariais a base de empréstimos e endividamentos, caso corriqueiro na constante troca de siglas no comando do Rio Grande do Sul. Em São Paulo, todavia, apesar das dívidas serem efetivamente maiores, o governo parece entender que o enxugamento - ou até mesmo a privatização - é melhor do que simplesmente se desfazer de uma fundação. É lá, por exemplo, que deverá ser feito a maioria dos ensaios que hoje são realizados pela CIENTEC, já que não há laboratórios no RS com acreditação do INMETRO em grande parte dos ensaios realizados. O populismo, somado a falta de planejamento, pode ser um tiro no pé.

Coragem nem sempre é um atributo positivo, e Sartori teve entusiasmo para ir em frente com tal projeto. Venderá terrenos e prédios. E quando essa verba acabar? A economia instantânea desaparecerá e a dívida pública continuará crescendo. Ações como esta deveriam ser mais bem discutidas, para que não se desenhe um futuro duvidoso. É possível ter apenas uma certeza: por conta desse populismo, o parcelamento de salários será a maior herança para futuros governos.
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Sobre Paulo Matheus

Esposo da Daniele, pai da Sophia, engenheiro, gremista e cristão. Seja bem vindo ao blog, comente e contribua!

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