Anthony
tinha uma opinião contrária com relação aos sentidos. Ele achava
que não precisaria experimentar tudo durante a vida para dizer que
tinha "aproveitado bem as oportunidades". Era mais
importante, segundo pensava, saber mais se nós existimos realmente
do que se preocupar com os detalhes dessa suposta existência.
Quando
acordou, ele percebeu algo engraçado: o que nos faz despertar além
dessas explicações físicas? As pessoas buscam, a vida inteira,
pelo conforto, mas isso não está disponível se não por outros
meios. É preciso trabalhar ou herdar para obter algo. Logo,
necessitamos acordar todos os dias. Seria apenas por isso?
Depois
de comer qualquer coisa, ele lembrou de algo. Muitas pessoas o
questionaram sobre essa sua aventura em busca de sentido. Ele tratou
logo de falar que não queria provar nada a ninguém. Primeiro, pois
ele precisava, antes de contar pelo que passou, provar para si mesmo
que ele realmente passou por alguma coisa. Segundo, óbvio, se ele
precisava se convencer, ninguém precisava de nada do que obtivesse
(ou não faria bom uso disso).
Para
ser mais exato, Anthony escreveu um pensamento que deveria ter todos
os dias, como forma de organizar as coisas. A primeira de suas
dúvidas no seu primeiro dia era:
1)
Por que é mais fácil falar do que pensar?
A
conclusão que motivou ele a se questionar não é uma novidade. Ele
sabia disso. Mas as respostas que recebia pareciam surgir do mesmo
tipo de problema que ela mesmo surge. Complicado!
Ele
então entendeu que, como aprendemos tudo que é inerente ao nosso
ser nos primeiros anos de vida, e essas coisas tomam tempo e espaço
no pensamento, tudo o que foge do básico tende a ser mais tortuoso
para o nosso pensamento. O mundo precisa disso, de que as coisas
sejam simples e rápidas. Logo, é mais prático viver no automático
das respostas do que na precisão do raciocínio.
Sabendo
que poderia mudar seu pensamento nos próximos dias, ele tomou nota:
"Existe
uma linha tênue entre o que eu preciso saber e comunicar. Tudo o que
eu comunicar a mais é prejuízo, o que eu souber a mais é lucro".
A
facilidade de falar mais do que pensar tornava o mundo impossível. O
número de pessoas que pensava mais sempre foi mínimo. Sendo a fala
menos trabalhosa para os seres de sua espécie, seria difícil que
tudo estivesse bem em sua realidade.
Mas
era apenas sua primeira pergunta.
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